Ciência e sociedade

Estudo teria encontrado local dos primeiros cavaleiros da história

Uma equipe de pesquisadores estudou a região em torno do mar Negro e encontrou rastos de equitação datada em milhares de anos.
Sputnik
A equitação começou 5.000 anos atrás, indica uma pesquisa de esqueletos humanos encontrados nas regiões a oeste do mar Negro, que foi comunicada na sexta-feira (3) pelo portal Phys.org.
Os restos humanos foram encontrados em cemitérios chamados kurgans, pertencentes à cultura yamnaya, que tinham entre 4.500 e 5.000 anos de idade. Os yamnaya eram pastores nômades de gado bovino e ovino e acredita-se que tenham migrado das estepes ponto-caspianas para encontrar pastagens mais verdes no que são hoje os territórios da Romênia, Bulgária, Hungria e Sérvia.
"Temos um enterro intrigante na série", comentou David Anthony, professor do Hartwick College, EUA, e coautor do estudo publicado na revista Science Advances.
"Um túmulo datado de aproximadamente 4300 a.C. em Csongrad-Kettoshalomin, Hungria, há muito suspeitado de sua pose e artefatos, que poderia pertencer a um imigrante das estepes, surpreendentemente, mostrou quatro das seis patologias da equitação, possivelmente indicando que cavalgou um milênio antes dos yamnaya", sublinhou Anthony.
Com base em mudanças na morfologia óssea e várias patologias associadas à equitação, os pesquisadores de uma equipe liderada pela Universidade de Helsinque, Finlândia, atribuíram restos mortais de cinco indivíduos encontrados na Romênia, Bulgária e Hungria como pertencendo à cultura yamnaya, e datando entre 3021 e 2501 a.C. Estes são os humanos mais antigos identificados como cavaleiros até agora.
Cavalos em campo próximo do vilarejo de Zelenogorskoe na Crimeia, Rússia
As origens da equitação seguem pouco claras. É amplamente aceito que os cavalos foram criados para seu leite, aproximadamente entre 3500 e 3000 a.C.. No entanto, apesar de tal ser um indicador de domesticação, isso não confirma que eles foram utilizados para a equitação.
"A equitação parece ter evoluído pouco tempo depois da suposta domesticação dos cavalos nas estepes da Eurásia Ocidental durante o quarto milênio a.C.. [Ela] já era bastante comum entre os membros da cultura yamnaya entre 3000 e 2500 a.C.", disse Volker Heyd, professor de arqueologia da Universidade de Helsinque, Finlândia.
A pesquisa utilizou um conjunto de seis critérios diagnósticos estabelecidos como indicadores da atividade equestre, ou "síndrome da equitação", que incluem alterações ósseas específicas e traumas que podem ser causados tipicamente por quedas, chutes ou mordidas em cavalos. A equipe elaborou um sistema de pontuação que leva em conta o valor do diagnóstico, distintividade e confiabilidade de cada sintoma.
"Não há características singulares [nos esqueletos humanos] que indiquem uma determinada ocupação ou comportamento. Somente em combinação, como uma síndrome, os sintomas fornecem informações confiáveis para a compreensão das atividades habituais passadas", explicou Martin Trautmann, bioantropólogo em Helsinque, e autor principal do estudo.
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