O problema do assédio sexual nas academias militares dos EUA continua piorando, diz no sábado (10) o portal Military Times, citando o Departamento de Defesa norte-americano.
Os dados mostram que as cadetes e aspirantes da Academia da Força Aérea, da Academia Naval, e homens da Academia Militar dos EUA, comumente conhecida como West Point, registraram em 2022 aumentos de incidentes de 22%, 23% e 18%, respectivamente. O número de casos envolvendo homens como vítimas também teve um aumento em torno de 4% nas três instituições.
Quanto às Forças Armadas em geral, o mais recente relatório sobre assédio sexual do Pentágono, referente a 2021, mostra que 8% das mulheres e 1,5% dos homens sofreram contatos sexuais indesejados, a maior proporção até agora para as primeiras, e a segunda maior para os homens desde 2006. Nesse ano, o primeiro para o qual há dados, 1,8% dos militares do sexo masculino passaram por tais incidentes.
"Estes números são extremamente decepcionantes e perturbadores. Quero dizer, não há realmente outra maneira de ver isto", comentou na sexta-feira (10) Beth Foster, diretora executiva de Resiliência das Forças do Departamento de Defesa.
"Este relatório confirma o que muitos de nós tememos, que o flagelo da agressão sexual nas nossas Forças Armadas só está piorando. Este relatório é particularmente preocupante porque expõe um aumento dramático na prevalência deste comportamento abominável nas instituições que são responsáveis por moldar os futuros líderes militares", disse também na sexta-feira (10) Josh Connolly, vice-presidente do grupo de defesa Protect Our Defenders (Protejam Nossos Defensores, em inglês).
Ele culpou "o treinamento e as atitudes ultrapassadas" entre as forças militares.
Nate Galbreath, vice-diretor do Escritório de Prevenção do Assédio Sexual do Departamento de Defesa dos EUA, disse também que a maioria dos casos não é relatada. Em 2022, explicou, somente 21,4% das mulheres e 4,4% dos homens informaram as chefias militares sobre tais situações, com os 155 casos relatados representando apenas parte de uns estimados 1.100 incidentes. Galbreath crê que, entre os efetivos militares, de 20% a 30% dos casos sejam comunicados.
Lloyd Austin, secretário de Defesa dos EUA, reagiu aos dados com novas medidas de prevenção, incluindo inspeções das academias e a separação dos perpetradores e vítimas, incluindo entre alunos do primeiro ano e alunos mais velhos.
Embora a separação completa não tenha sido considerada viável por Ashlea Klahr, diretora de pesquisa de saúde e resiliência do Departamento de Defesa, ela sugeriu que o contato apropriado e "relacionamento saudável" fossem ensinados aos alunos.