Panorama internacional

'O romance com o Ocidente acabou', diz especialista de Hong Kong

O primeiro-ministro indiano Narendra Modi, visto na tela, discursa na reunião dos ministros das Relações Exteriores do G20 em Nova Deli, 2 de março de 2023.
Cada vez mais países se mostram insatisfeitos com a ordem mundial imposta pelo Ocidente, escreve Andrew Sheng, pesquisador do Instituto Global da Ásia da Universidade de Hong Kong no jornal South China Morning Post.
Sputnik
Segundo o autor do artigo, o mundo, da América do Sul ao Leste da Ásia, está cansado da "hipocrisia" do Ocidente na política externa.
O autor refere como exemplo as reuniões no Grupo dos 20 (G20), em que os países da OTAN esqueceram que são convidados, e não é costume os convidados acusarem abertamente outros convidados.

"Hoje, cada grande evento ocidental começa com um discurso obrigatório do presidente da Ucrânia Vladimir Zelensky. Cada líder da OTAN repete então e reafirma a ordem baseada em valores e regras, exortando os ouvintes [o resto do mundo, mas principalmente os países do Sul] a se unirem à sua causa ou a enfrentarem 'consequências'", escreve o autor.

Na opinião dele, o Sul Global começa a perceber que, uma vez que o Ocidente resolva de alguma maneira a questão da Rússia, eles provavelmente serão os próximos.
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De acordo com o artigo, o Ocidente decepciona e afasta os países com sua abordagem dominante, onde apenas as ações dos países ocidentais estão certas. Ao mesmo tempo, todos se lembram dos resultados do Ocidente no Afeganistão, no Iraque e na Líbia e ao que eles levaram.
Agora os líderes europeus insistem na vitória total da Ucrânia, o que não faz sentido nem é racional, afirma o autor.

"Ex-escravos, colônias ou semicolônias não vão ficar mais em silêncio quando os antigos senhores insistem na velha ordem mundial, onde 'eles governam e os outros obedecem'".

De acordo com o pesquisador, como a Rússia não aceitará a derrota, as tentativas de alcançar uma vitória total da Ucrânia significarão uma Europa em guerra permanente até que seja detida pela guerra nuclear, seu próprio esgotamento completo ou a destruição da Ucrânia.

"Quem quer seguir líderes que pensam que a guerra pode ser travada sem sacrificar seus filhos e filhas? O Ocidente está em um metaverso que ele próprio criou, enquanto o resto do mundo está tentando descobrir como sobreviver de forma realista à ordem liberal existente. O romance com o Ocidente acabou, a comédia está se transformando em farsa", escreve o autor em conclusão.

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