Nesta terça-feira (14), ao abrir reunião com ministros no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deu um certo tipo de bronca na equipe ministerial e disse que qualquer ministro com alguma proposta de política pública deve comunicar a Casa Civil e a área econômica antes de anunciá-la, para que não seja uma proposta de ministro, e sim de governo.
"Todo e qualquer posição, qualquer genialidade que alguém possa ter, é importante que antes de anunciar faça uma reunião com a Casa Civil. Para que a Casa Civil discuta com a Presidência da República e que a gente possa chamar o autor da genialidade e a gente então anuncie publicamente como se fosse uma coisa do governo", disse Lula segundo o UOL.
O mandatário continuou afirmando que "é importante que nenhum ministro ou nenhuma ministra anuncie publicamente qualquer política pública sem ter sido acordado com a Casa Civil, que é quem consegue fazer que a proposta seja do governo. Nós não queremos proposta de ministro", avaliou.
O presidente também destacou que qualquer proposta precisa ser organizada com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que são os responsáveis por cuidar "do caixa do governo".
"É assim que a gente cria as condições motivadoras de todo mundo concordar com a política que foi anunciada. Isso é muito importante para manter a unidade do governo, para manter a coesão do governo", afirmou.
Ao mesmo tempo, Lula enfatizou que "se tiver que arriscar alguma coisa, a gente arrisca com um viés de acerto acima de uns 80%, porque a gente também não pode correr risco de anunciar coisa que não vai acontecer", acrescentou.
Apesar de não ter sido verbalizado o que levou o mandatário a falar dessa forma no começo da reunião, de acordo com a coluna de Malu Gaspar em O Globo, "todo mundo no entorno sabia" que se tratava de um recado para o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, que no final de semana anunciou o lançamento de um programa de venda de passagens aéreas a R$ 200 para aposentados, servidores públicos e estudantes.
Ao anunciar o programa, França afirmou que ainda dependia da concordância do governo para implementá-lo, mas um assessor de Lula disse à mídia que "o cara [França] não combinou com ninguém, e ainda divulgou uma ideia estúpida. Ninguém no governo gostou".