Neste domingo (19), faz 20 anos que os EUA lançaram a invasão do Iraque com base no que acabou sendo a falsa premissa de que Saddam Hussein estava escondendo armas de destruição em massa no país. A imprensa norte-americana e ocidental batia fortemente os tambores pela guerra antes da invasão. Uma pesquisa do grupo de vigilância FAIR revelou que 70% das fontes estadunidenses citadas em histórias e relatos que antecederam a invasão eram pró-guerra e apenas 3% eram categorizadas como antiguerra.
A guerra em si foi acompanhada por imagens e histórias sobre abusos dos direitos humanos, incluindo os crimes cometidos por funcionários norte-americanos na infame prisão de Abu Ghraib, embora alguns jornalistas tenham sido perseguidos pela cobertura de tais questões.
"Os formuladores de políticas resolveram melhorar a manipulação da oposição doméstica ao aventureirismo militar, principalmente por meio de um controle mais rígido sobre a mídia corporativa", disse Ford sobre as lições aprendidas com a guerra do Iraque. "A crise da Ucrânia é a ilustração perfeita de como essas lições foram aplicadas. A dissidência sobre o envolvimento na Ucrânia é sufocada em um grau orwelliano [em referência ao controle da mídia descrito na obra de George Orwell], enquanto os EUA mostram uma capacidade ilimitada de suportar baixas ucranianas."
As pesquisas nas últimas semanas e meses mostraram que os eleitores nos Estados Unidos e nos países ocidentais estão ficando cansados de apoiar e fornecer armas à Ucrânia no conflito com a Rússia — com muitos deles pedindo o início das negociações de paz.
Algumas críticas, particularmente nos Estados Unidos, sobre a quase total falta de debate ou oposição ao uso de bilhões de dólares dos contribuintes para financiar uma guerra estrangeira tem começado a ganhar espaço na mídia tradicional. Até o bloco progressista democrata antiguerra no Congresso até agora apoiou o envio de ajuda militar a Kiev.
Ford observou que, apesar das consequências da invasão do Iraque, o governo dos EUA, amplificado mais uma vez pela grande mídia, continua a palestrar sobre o respeito a uma "ordem baseada em regras".
"Que um país que invadiu e ocupou outro país a milhares de quilômetros de distância, representando ameaça zero para si mesmo, agora se apresente como um farol de virtude é um convite ao escárnio, não ao respeito", concluiu Ford.
Dezenas de países participaram da Operação Iraqi Freedom (Liberdade Iraquiana) em diferentes momentos, incluindo Reino Unido, Itália, Polônia e Austrália. Três semanas após a invasão, civis iraquianos e tropas norte-americanas derrubaram uma estátua de Saddam Hussein em Bagdá.
Embora Bush tenha declarado "missão cumprida" em maio de 2003, os EUA continuaram envolvidos em combates ferozes que vitimaram mais de 4.400 soldados norte-americanos antes do fim declarado de operações de combate em 2011.