Discursando ontem (20) em Paris, o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, provocou uma forte reação após dizer que o povo palestino é "uma invenção" do século passado, com autoridades palestinas criticando os comentários como prova da perspectiva "racista" do novo governo de extrema direita israelense.
Smotrich disse que "não existe um palestino" porque "não existe um povo palestino". Essa não é a primeira vez que o político faz considerações polêmicas sobre a Palestina. Em 1º de março, ele provocou indignação internacional ao dizer que a vila palestina de Huwara, na Cisjordânia, deveria ser exterminada após uma invasão de colonos israelenses, segundo a Al Jazeera.
"Você sabe quem são os palestinos? Sou palestino", disse Smotrich, passando a descrever seu falecido avô, que ele disse ser um "jerusalense da 13ª geração" como "o verdadeiro palestino". O chefe das Finanças também acrescentou que "o povo palestino é uma invenção com menos de 100 anos".
Suas declarações foram feitas durante um memorial para Jacques Kupfer, um ativista do partido de direita Likud de Israel que morreu em 2021, com um vídeo circulando nas redes sociais mostrando os participantes respondendo a eles com aplausos e vivas.
O chefe das Finanças fez seu discurso com uma faixa que parecia exibir a imagem de um mapa da Grande Israel pendurado à sua frente. As fronteiras do mapa em exibição no evento pareciam definir as fronteiras de Israel dentro de partes da Síria e da Jordânia, além de incluir a Cisjordânia e Gaza, de acordo com o The Jewish News.
O primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh, disse hoje (20) que os comentários de Smotrich são evidências do que ele chamou de "ideologia racista" que governa o Estado judeu neste momento.
"Os comentários inflamatórios de Smotrich demonstram a ideologia extremista, racista e sionista que tem o atual governo israelense", segundo o The Times of Israel.
Desde a nova chegada ao poder de Benjamin Netanyahu em dezembro, a região tem enfrentado fortes tensões, não só por conta da questão palestina, mas pela reforma judicial que seu governo quer fazer, e que está levando milhares de pessoas às ruas para protestarem contra sua implantação.
A rejeição é tão forte, que até os Estados Unidos, através do presidente Joe Biden e do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, pediram "consenso" em um comunicado, acrescentando que "as sociedades democráticas são fortalecidas por controles e equilíbrios reais", sendo que qualquer mudança substancial deve ter o "apoio popular mais amplo possível".