Panorama internacional

Estratégia dos EUA na Crimeia visa a captura da península pela Ucrânia, diz analista

Os recentes acontecimentos no mar Negro e as declarações dos EUA provocaram uma discussão sobre os planos mais abrangentes de Washington e da OTAN. Um acadêmico russo deu sua opinião.
Sputnik
A estratégia dos EUA para o mar Negro terá como objetivo Kiev assumir o controle da Crimeia e, se a Ucrânia perder toda a costa do mar Negro, garantir que a presença dos EUA na região seja mantida, mesmo que leve anos e recursos militares e econômicos consideráveis, disse Vladimir Vasiliev, pesquisador do Instituto Americano e Canadense da Academia de Ciências da Rússia.
Anteriormente, Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, anunciou que a administração pretendia elaborar uma estratégia para o mar Negro até junho. No documento os EUA contam com três Estados-membros da OTAN que têm acesso ao mar Negro, e com uma Ucrânia amiga dos EUA.
"Este passo poderia muito bem ter sido esperado após a história do drone. Os EUA analisaram esta situação e de maneira puramente americana chegaram à conclusão de que a logística sofre para que este tipo de voos ocorram sem incidentes e as consequências com as quais aconteceu", comentou Vasiliev à Sputnik.
O Ministério da Defesa russo relatou anteriormente que na manhã de 14 de março um drone MQ-9 dos EUA, com seus transponders desligados, violou as fronteiras do regime temporário do espaço aéreo sobre o mar Negro. Segundo o ministério, o drone estava se movendo em direção à fronteira russa na Crimeia, e caças russos voaram em sua direção para o identificar.
Devido às suas manobras bruscas, o drone entrou em voo descontrolado com perda de altitude e caiu na água, disse o ministério, que acrescentou que os caças russos não fizeram contato com o MQ-9, não usaram armas a bordo e retornaram com segurança ao seu aeródromo de origem.
Segundo Vasiliev, a logística dos EUA envolve a criação de "fortalezas sérias ao longo do perímetro dos portos" do mar Negro, a possível presença de formações aéreas e de base de navios da Marinha dos EUA e de outros países da OTAN, e a criação de infraestrutura para operações de reconhecimento, "para combater a Rússia".
"A parte terrestre [do mar Negro] que Kiev controla é claramente insuficiente para isso. Obviamente, a OTAN e os EUA devem estar presentes [para isso] também nas águas [do mar]", acredita o especialista. Ele vê a presença expandida da OTAN na região também como possível "compensação" no caso de Kiev perder o acesso a todo o mar Negro.
Ele aponta um certo papel na estratégia que também será atribuído à Geórgia, criando assim uma ameaça não apenas para a Crimeia, mas também para a costa russa da região de Krasnodar.
"Os contornos desta estratégia podem se estender por vários anos e exigirão grandes recursos militares e econômicos", previu Vasiliev.
O resultado do próprio fortalecimento da presença dos EUA e da OTAN no mar Negro "a longo prazo significa a possibilidade de um choque das Marinhas e Forças Aéreas russas e da OTAN na região", teme o especialista.
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