Uma investigação jornalística garante que a Embaixada do Peru nos Estados Unidos contratou uma agência de comunicação norte-americana com o objetivo de melhorar a imagem do Governo de Dina Boluarte. Segundo os documentos revelados, o governo peruano destinou US$ 55 mil (mais de R$ 288 mil) para pagar a Patriot Strategies, empresa que já havia sido contratada no passado pela sede diplomática.
A matéria apresentado pelo site Peru21 anexa uma cópia do contrato assinado entre as partes, que especifica que a empresa Patriot Strategies "trabalhará com a Embaixada do Peru para desenvolver e implementar a estratégia: planejar e implementar a campanha de comunicação para divulgar o argumentos que sustentam formal e informalmente as relações bilaterais".
O contrato estabelece que a embaixada peruana vai pagar à empresa norte-americana US$ 40 mil (cerca de R$ 209 mil) pelo trabalho realizado, mais US$ 15 mil (aproximadamente R$ 78 mil) extras para "despesas de administração e implementação", item que inclui "uso de documentos, viagens, produção de vídeo, aluguel de equipamentos e outros".
O contrato teria sido assinado em 28 de fevereiro de 2023 pelo presidente da empresa, George Seymor, e pelo funcionário da embaixada peruana, Irving Jaime Lizárraga. Conforme estipulado, o serviço prestado pela empresa iniciou-se no dia 1 de março e termina no dia 29 do mesmo mês.
O jornal peruano relaciona a decisão de contratar a agência com a polêmica gerada por uma entrevista que a chanceler peruana, Ana Cecilia Gervasi, concedeu ao The New York Times em fevereiro, na qual fez declarações que o jornal interpretou como um reconhecimento de que Lima não tinha provas de que os protestos fossem organizados por grupos criminosos.
Dias após a publicação do artigo no jornal norte-americano, a embaixada peruana em Washington enviou uma carta ao jornal expressando seu desagrado com a nota e assegurando que a chanceler havia dito o contrário do que foi publicado e que a ligação entre os protestos e organizações criminosas estava "sob investigação".
Segundo Perú21, a contratação da Patriot Strategies se deveu ao desejo do governo de não cometer novamente esse tipo de mal-entendido e de melhorar a imagem de Boluarte na opinião pública norte-americana.
O mesmo meio assegura, com base em fontes, que houve uma gestão semelhante da Embaixada do Peru em Bruxelas, com o intuito de fortalecer a imagem de Boluarte e da sua Administração na sede da União Europeia (UE). No entanto, o site não forneceu mais detalhes desse acordo.
A existência do acordo foi confirmada ao Peru21 pela própria chancelaria peruana, que esclareceu que a contratação do serviço obedece a "um propósito específico de relacionamento e promoção da imagem" do país nos Estados Unidos.
"Trata-se de mostrar uma imagem do Peru diante das distorções que são apresentadas, existem mídias críticas que distorcem a realidade", acrescentou a chancelaria do país, segundo o site peruano.
O jornal La República recordou que a chancerlaria solicitou aos 140 órgãos de seu serviço exterior um esforço para "comunicar adequadamente a situação política e social" no Peru, depois que a notícia internacional ecoou as reivindicações do ex-presidente Pedro Castillo, destituído após um tentativa de golpe em dezembro de 2022.
O pagamento dos US$ 55 mil gerou impacto entre os peruanos ao se somar a outros gastos que, em meio a uma crise política, são vistos como supérfluos pelos cidadãos. Em fevereiro, o Congresso se envolveu em um escândalo sobre o gasto de mais de US$ 80 mil (cerca de R$ 420 mil) em carpetes e US$ 400.000 (aproximadamente R$ 2,1 milhões) no aluguel de um estacionamento privado para legisladores.
Anteriormente, os legisladores é que estavam no centro da tempestade por aumentar seus gastos diários com alimentação, passando de US$ 4,2 (R$ 22,04) para US$ 21 (R$ 110,18) por dia por congressista.