Os cientistas do Instituto de Geologia e Geofísica da Academia de Ciências da China analisaram amostras de solo lunar obtidas em 2020 pela missão Chang'e 5, a primeira sonda chinesa a chegar à zona denominada monte Rumker, onde em 1976 a sonda soviética Luna 24 pousou para coletar amostras lunares.
Segundo o artigo científico, a água foi localizada em cristais de impacto que teriam se formado em resultado de intensa atividade vulcânica ocorrida no passado, à qual se seguiu o resfriamento das rochas lunares provocado pelo constante bombardeio demicrometeoroides e grandes meteoroides.
Quando estas esferas entram em contato com o vento solar, inicia-se um processo de ciclo de água na Lua, e o líquido é absorvido pelas esferas de cristal, que atuam como uma espécie de esponja.
"A água derivada do vento solar é produzida pela reação do hidrogênio solar com o oxigênio presente na superfície das esferas cristalinas lunares", explicou Sem Hu, do Instituto de Geologia e Geofísica da Academia Chinesa de Ciências, coautor da investigação.
Estima-se que um fenômeno semelhante possa ter ocorrido em planetas como Mercúrio ou em corpos celestes como o asteroide Vesta. Os pesquisadores estimam que, para cada milhão de cristais, 2.000 armazenam água, enquanto por cada tonelada de solo lunar seriam encontrados 2 kg de cristais com água.
Assim, em toda a Lua pode haver uma reserva de 270 bilhões de toneladas de água, pelo que já se planeja, em futuras missões tripuladas, realizar experiências para saber se é possível extraí-la e, deste modo, criar condições que permitam avançar na exploração espacial.
"A água é o bem mais cobiçado para permitir uma exploração sustentável das superfícies planetárias. Conhecer como esta água é produzida, armazenada e distribuída na superfície lunar seria muito útil para que os futuros exploradores possam extraí-la e utilizá-la para fins de exploração", afirmou Sem Hu.