Maksim Fomin (mais conhecido como Vladlen Tatarsky), ex-miliciano independentista da região de Donbass e famoso correspondente de guerra russo, morreu no domingo (2) após uma explosão de bomba em um café de São Petersburgo, algo que o Comitê Antiterrorista da Rússia acredita ter acontecido por ação de serviços ucranianos.
Tatarsky era um patriota e um profissional militar dedicado à Rússia, que deu críticas construtivas cruciais que melhoraram as capacidades militares do país e, em última instância, salvaram a vida dos soldados, disseram seus colegas jornalistas à Sputnik.
"Maksim combinou muitas hipóstases dentro de si mesmo: ele lutou em Donbass, escreveu sobre o conflito e foi um excelente publicitário que formulou suas ideias perfeitamente, com muita precisão e ao ponto", disse Yevgeny Poddubny, um conhecido correspondente de guerra russo, em uma entrevista.
"Ele falou sobre deficiências dentro de nossas forças em um tom bastante agudo, o que muitas pessoas provavelmente não gostaram, mas o tom foi provocado pela situação. Basicamente, goste ou não, mas ele estava certo", apontou Poddubny, destacando as melhorias na área dos drones que Tatarsky sugeriu.
Savva Fedoseev, um ativista de São Petersburgo e gestor de eventos da Listva, uma cadeia de livrarias que vendia as obras de Tatarsky, concordou com a caraterização.
"Quando soou o alarme sobre a falta de VANT [veículos aéreos não tripulados], helicópteros e outros meios de reconhecimento, Vladlen e seus colegas foram dos primeiros a levantar esta questão, começaram a fornecer [drones] para o Exército, pediram a outros jornalistas, blogueiros, correspondentes militares e voluntários que fizessem o mesmo", contou ele, acrescentando que também mencionou, entre outras medidas, a falta de padres da linha de frente para dar conforto às tropas.
Tatarsky passou oito anos de sua vida fazendo tudo o que podia para preparar outros que se tornariam voluntários e seguiriam para a frente de combate, sendo amado tanto por soldados como por leitores de seus livros, inclusive devido à sua sinceridade e capacidade de admitir seus próprios erros, disse Fedoseev.
"Por estas razões, ele era tratado como um irmão mais velho. Ele era uma pessoa com uma biografia tão espalhafatosa, mas, ao mesmo tempo, um defensor da justiça. Além disso, ele era um crente [cristão] ortodoxo, o que influenciou muito suas ações e declarações", descreveu.
Correspondentes de guerra Savva Fedoseev (à esquerda) e Vladlen Tatarsky (à direita, sendo Maksim Fomin seu nome verdadeiro) durante a visita do último a uma livraria da cadeia Listva, na Rússia
© Foto / Savva Fedoseev
Tatarsky era um patriota e passional pela Rússia, disse o correspondente.
"Esta é uma grande perda para o país, porque todo passional, todo patriota é valioso para a Rússia, e nosso país precisa deles", qualificou Yevgeny Poddubny.
O correspondente de guerra chamou a morte de Tatarsky de uma tentativa por parte dos serviços de segurança ucranianos de causar medo nos corações e mentes dos líderes da opinião pública russa, mas disse que eles só conseguiram evocar agressão e raiva, "mas definitivamente não medo".
Poddubny insistiu que a Rússia não pode se sentir como vítima, e tem de passar a ser mais proativa. Ele concluiu esperar que as pessoas reconheçam que a Rússia não é o agressor neste conflito.
"Esta guerra não dura desde fevereiro de 2022, mas desde 2014, e não foi a Rússia que a iniciou. A trágica morte de Vladlen Tatarsky foi o ponto após o qual não temos mais o direito de usar expressões como 'linhas vermelhas' e 'gestos de boa vontade'", resumiu o jornalista.