Os ministros das Relações Exteriores da UE aprovaram o pacote inovador em 20 de março. A parte mais imediata do plano destinou € 1 bilhão (R$ 5,53 bilhões) para reembolsar os países do bloco europeu pelo envio urgente de projéteis de artilharia necessários para a Ucrânia.
Mas um segundo elemento - um movimento histórico da UE para a aquisição conjunta de munições - foi interrompido por divergências sobre quais empresas dos países são elegíveis para contratos, de acordo com diplomatas e autoridades ouvidos pela Reuters nesta quinta-feira (6).
Ao anunciar o pacote, o chefe de política externa do bloco europeu, Josep Borrell, disse que as munições viriam da "indústria europeia e da Noruega". Projetos de lei acordados por embaixadores de países da UE, vistos pela mídia, usaram a mesma formulação.
Mas diplomatas disseram que a França pressionou para endurecer a definição de "indústria europeia" para garantir que o máximo possível de financiamento fosse para empresas do bloco.
"A França estava pedindo mais linguagem para solidificar ainda mais o texto 'compre europeu'", disse uma fonte próxima ao comitê de embaixadores da UE que negocia acordos políticos importantes citada pela mídia. Depois de rejeitado o pedido, o assunto "tem de voltar a Paris para acordo, o que só virá depois da Páscoa", disse a fonte.
Grécia e Chipre também estão interessados em uma definição mais rígida, expressando preocupação de que parte do dinheiro para comprar projéteis de artilharia e mísseis de 155 milímetros possa acabar com subcontratados ou fornecedores na Turquia, por exemplo.
Funcionários da Alemanha, Polônia e Países Baixos argumentaram que muitos limites nas cadeias de suprimentos atrasariam o envio de munição para a Ucrânia, especialmente porque muitos já duvidam que a indústria europeia tenha capacidade para atingir a meta de um milhão de projéteis em 12 meses.
Uma autoridade francesa indicou que Paris não bloquearia os esforços para avançar por muito tempo: "Vamos primeiro comprar europeus. O financiamento europeu deve servir para comprar europeus, mas também temos que ser realistas", disse o responsável.