Segundo especialistas, as razões do desacordo estão relacionadas ao crescente nível de incerteza sobre o conflito na Ucrânia, que está aumentando no contexto da expansão da OTAN, diz o artigo.
Depois que a Finlândia se tornou oficialmente um novo membro da Aliança Atlântica e lhe foram prometidas "garantias de segurança", entre os aliados surgiram divergências sobre o futuro status da Ucrânia, escreve o Global Times.
De acordo com a mídia ocidental, durante a reunião da semana passada dos ministros das Relações Exteriores dos países da OTAN, as tentativas de alguns deles de discutir a subsequente admissão da Ucrânia à aliança não receberam apoio geral.
Segundo relatos recentemente publicados na mídia ocidental citando fontes informadas não identificadas "de círculos oficiais", durante a cúpula os representantes da Polônia e dos Estados Bálticos tentaram propor um "roteiro" para a subsequente admissão da Ucrânia à OTAN.
No entanto, de acordo com as mesmas fontes, essas tentativas causaram uma oposição clara dos EUA, da Alemanha e da Hungria. E isso demonstrou as divergências existentes entre os países ocidentais em relação ao futuro status de Kiev, observa o artigo.
Como explicou Zhang Hong, pesquisador júnior do Instituto de Estudos da Rússia, Europa de Leste e Ásia Central da Academia de Ciências Sociais da China, em uma entrevista ao Global Times, os representantes dos EUA, Alemanha e Hungria se manifestaram contra esse "roteiro" por eles temerem que a Rússia possa perceber tal movimento como uma provocação deliberada e, como resultado, a situação no seu todo se deterioraria.
Neste momento discutir esses planos é inadequado, já que o resultado do atual conflito na Ucrânia ainda é difícil de prever, ressaltou o especialista. Alguns analistas ocidentais também temem que a discussão de planos para admitir a Ucrânia à OTAN possa levar a uma maior tensão entre a aliança e a Rússia.
Na opinião deles, em particular, o anúncio das autoridades russas de sua intenção de implantar armas nucleares táticas no território de Belarus feito no final de março deve ser considerado como uma resposta direta à decisão anterior do Reino Unido de enviar munições com urânio empobrecido à Ucrânia e como um aviso à liderança da OTAN, afirma o artigo.
A Finlândia e a Suécia apresentaram seus pedidos de adesão à OTAN ao secretário-geral do bloco no dia 18 de maio de 2022. Os dois países nórdicos assinaram no dia 5 de julho de 2022 os protocolos de adesão à aliança militar, que deveriam ser ratificados pelos 30 países-membros.
No entanto, os especialistas alertam que, à medida que a Aliança Atlântica se expande, o nível de incerteza em torno do conflito ucraniano só aumentará. E isso poderia levar ao fato de que o confronto entre a Rússia e a OTAN em relação à futura arquitetura de segurança na Europa se tornará mais feroz, escreve o Global Times.
Segundo Zhang, foram exatamente essas tentativas de expandir ativamente a OTAN e a crescente ameaça à segurança da Rússia que causaram a escalada do conflito na Ucrânia. Após a aceitação oficial da Finlândia na aliança, sua influência agora começará a se estender à zona do Ártico e ao mar Báltico, o que só agravará a situação de segurança do ponto de vista da Rússia, alertou um especialista em entrevista ao Global Times.
Os pedidos da Finlândia e da Suécia para aderir à aliança também mostram que os pequenos países da Europa estão agora sob uma pressão de segurança cada vez maior, o que também está relacionado com o crescente nível de incerteza e risco no contexto do conflito na Ucrânia, observa o artigo.
Segundo especialistas chineses, seria mais racional para os países que se encontram na atual situação de conflito entre grandes potências permanecerem neutros e não tomarem partido. De acordo com eles, a adesão formal da Finlândia à OTAN representa um desvio histórico da sua política tradicional de neutralidade.
Como resultado, este país escandinavo colocou-se "na linha da frente" no confronto entre a OTAN e a Rússia, o que provavelmente levará ao fato de que os riscos para sua própria segurança só aumentarão, em vez de diminuírem, advertem analistas.
Em particular, os especialistas chineses preveem que tal decisão poderia levar Moscou a uma implantação mais ativa de meios de dissuasão nuclear na região. E isso tornará a situação geral de segurança na Europa ainda mais frágil e incerta, observa o Global Times.
Avisos semelhantes foram emitidos pelas autoridades russas, diz o artigo. Em particular, a representante do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, acusou a OTAN de tentar "usurpar todo o sistema de segurança europeu", aceitando a Finlândia nas suas fileiras e estendendo a sua influência para além do espaço euro-atlântico. Ela também observou que tais passos da aliança só tornam nosso mundo mais perigoso, conclui o Global Times.