Em 13 de abril de 2014, após um golpe de Estado pró-ocidental, o Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia decidiu lançar uma operação antiterrorista em larga escala no leste do país, em Donbass.
A Sputnik decidiu fazer uma entrevista a Vitaly Shekov, veterano da Milícia Popular da República Popular de Donetsk (RPD), que combateu com as forças de Donbass contra as de Kiev.
Falando sobre sua vida antes de assumir a atual posição militar, Shekov explicou que trabalhava como chefe de uma fábrica de briquetes, antes de se tornar um motorista na área de transporte de materiais de construção. Um dia, um projétil explodiu ao lado de sua casa, onde sua esposa e filhos estavam na época, o que o assustou, mas também zangou.
Após se lembrar de seu avô, que participou da Grande Guerra pela Pátria (parte da Segunda Guerra Mundial, compreendida entre 22 de junho de 1941 e 9 de maio de 1945, e limitada às hostilidades entre a União Soviética e a Alemanha nazista e seus aliados), ele decidiu em 2014 combater Kiev como voluntário, primeiro como artilheiro, depois metralhador, e, por fim, lançador de granadas. Durante os combates Shekov perdeu seu braço direito, sofreu dois disparos em um dos pés, e também uma contusão.
Na opinião do independentista, a luta dos militares pró-Kiev é motivada por lavagem cerebral, sendo eles usados como "escravos", como bucha de canhão.
"Você pode ver que alguns deles têm prazer nesta guerra", descreveu.
Explicando a defesa feroz de Slavyansk a partir de 12 de abril de 2014, mesmo com um inimigo que os superava várias vezes em quantidade, o veterano disse que não estava presente nesse combate, mas revelou as razões de seus companheiros combatentes.
"O fato é que esta é a nossa terra. Eu estou pronto para lutar por minha casa contra milhares. Ao contrário deles, temos uma compreensão do que estamos lutando, qual é nosso objetivo, qual é nosso valor, o que estamos defendendo. Eles simplesmente não compreendem: eles foram apanhados, pegos, vestidos, receberam uma metralhadora, e foram enviados para o front. É por isso que eles se rendem, se deixam levar como prisioneiros. Eles entendem que não precisam disso."
"E nós estamos lutando por nossa terra natal. Para que alguém fuja, para que tenha medo [...] Não, em princípio deve-se ter medo, mas não se deve ser covarde. Para lutarmos por nossas próprias costas e pelas de nossos amigos. Nós sempre lutamos por cada um de nossos combatentes até o último homem", afirmou ele.
Em resposta à pergunta de como se formou a Milícia Popular da RPL, Vitaly Shekov detalhou que surgiu de um grupo de voluntários que "vieram com tudo o que usavam: em uma camisa, em jeans, com uma arma de cano duplo", e "quase com forquilhas e facas de cozinha". Com o tempo, seu batalhão Petrovsky foi ganhando comandantes, formações específicas, e dando armas mais adequadas aos combatentes.
Questionado se alguma vez imaginou que os eventos mundiais assumiriam tal escala e que ele teria um papel tão importante, o ex-combatente expressou o desgosto de que as hostilidades, que se desejavam curtas, ainda seguem, e que os ucranianos agora combatem sob bandeiras e símbolos nazistas, apesar de muitos de seus avós, incluindo de Vladimir Zelensky, e também poloneses, terem combatido na Segunda Guerra Mundial a favor da libertação da Ucrânia.
"Eles agora desprezam os veteranos, já começaram a derrubar nossas igrejas, pelas quais nossos bisavós lutaram. Não há nada de bom nisso. A mesma França, Inglaterra, América, eles lutaram contra os alemães. O que eles estão fazendo agora? Eles são fascistas, não são seres humanos, como alguns dizem. Eles matam crianças, velhos, mulheres", lamentou.
Atualmente, devido aos seus ferimentos, o veterano trabalha no quartel-general, fornecendo comunicações para o batalhão. Ele desejou aos estrangeiros que não se intrometam no conflito e que levem suas pessoas para fora da região. Ele também agradeceu aos "nossos irmãos russos. Éramos e somos uma só família. Alguém está simplesmente tentando mudar nossas ideias, mentir para nós, provocar-nos. Nós somos irmãos. Nós éramos e somos. Muito obrigado e uma reverência a você."