O vazamento de documentos confidenciais da inteligência dos EUA causou alguns danos às relações dos EUA com os principais aliados, mas não teve um impacto significativo sobre eles, ao contrário das revelações de uma década atrás pelo ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos EUA, Edward Snowden. O Washington Post chama a reação atual de "resignada".
Mesmo assim, interlocutores do jornal entre altos funcionários ocidentais expressaram surpresa por um simples soldado americano ter acesso a uma enorme variedade de documentos secretos.
O incidente "levanta dúvidas sobre como os dados de inteligência são protegidos e como são tratados", observou uma fonte de um país europeu, mas acrescentou que vazamentos periódicos são o preço a pagar por cooperar com uma agência de inteligência gigante como a dos EUA.
Outra autoridade europeia salientou que Washington foi e continua sendo um parceiro importante no campo da inteligência e, portanto, a cooperação com os EUA é fundamental para a segurança nacional.
Como explica o Washington Post, esta aparente contradição surgiu devido à existência nos Estados Unidos de um sistema sem precedentes de coleta de inteligência, que foi criado por décadas e custou "muitos bilhões de dólares".
Alguns aliados dos EUA alcançaram sucesso na espionagem local, especialmente no que diz respeito ao recrutamento de agentes, mas nenhum país alcançou a mesma cobertura global comparável aos recursos da NSA e às capacidades de interceptação de inteligência.
O vazamento de documentos levanta dúvidas sobre "a capacidade dos EUA de manter segredos", mas agora as revelações sobre espionagem de líderes estrangeiros não causam mais o mesmo choque que há dez anos com o escândalo de Snowden, acrescentou outra fonte.
As autoridades dos Estados Unidos da América assumem que todos espionam a todos. "Essa é a natureza das coisas", explicou o interlocutor.
Na semana passada, o Pentágono e o Departamento de Justiça dos EUA iniciaram uma investigação sobre esse vazamento. Enquanto isso, alguns disseram que os slides da apresentação da agência de defesa americana, que apareceu no Telegram na quinta-feira (6), foram publicados por "propagandistas russos".
O The Wall Street Journal examinou esses documentos e uma coleção maior de documentos que surgiram na sexta-feira (7) e não conseguiu verificar independentemente sua autenticidade.
A vice-secretária de imprensa do Pentágono, Sabrina Singh, disse no domingo (9) que os EUA continuam a avaliar a autenticidade destes documentos, "que aparentemente contêm materiais confidenciais e altamente secretos".