Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro dos EUA, advertiu sobre sinais "preocupantes" de que os EUA estão perdendo influência global à medida que outras potências se alinham e ganham favores entre países ainda não alinhadas.
Summers falou à margem de uma reunião de chefes das finanças globais em Washington, organizada pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial, onde o tema central tem sido um alerta sobre a "fragmentação" da economia mundial, com os EUA e os aliados do mundo tentando remodelar as cadeias de abastecimento para reduzir a dependência da China e de outros concorrentes estratégicos.
"Há uma aceitação crescente da fragmentação e, talvez ainda mais preocupante, acho que há uma sensação crescente de que o nosso pode não ser o melhor fragmento a ser associado", disse ele, citado na sexta-feira (14) pela agência norte-americana Bloomberg.
"Alguém de um país em desenvolvimento me disse: 'o que recebemos da China é um aeroporto. O que recebemos dos Estados Unidos é uma palestra'", apontou Summers, um professor da Universidade de Harvard, Massachussets, EUA, e colaborador da Bloomberg, referindo também o aprofundamento dos laços entre o Oriente Médio e a Rússia e a China, com a última conseguindo melhorar as relações entre a Arábia Saudita e o Irã.
Isso, na opinião de Summers, é "um símbolo de algo que eu acho que é um enorme desafio para os Estados Unidos".
"Estamos no lado certo da história, com nosso compromisso com a democracia", e com a oposição à operação militar especial da Rússia, garantiu ele.
"Mas parece um pouco solitário no lado certo da história, pois aqueles que parecem muito menos no lado certo da história estão cada vez mais unidos em toda uma série de estruturas. Se o sistema de Bretton Woods não estiver produzindo bons resultados em todo o mundo, haverá sérios desafios e propostas alternativas", lamentou o ex-secretário do Tesouro dos EUA.
Como referiu o Bloomberg, o presidente brasileiro Lula da Silva visitou a China para reforçar as relações ao mesmo tempo que foi conduzida ao mesmo tempo que a reunião em Washington. Segundo a mídia, o recente corte na produção de petróleo pelo OPEP+ também complica a tarefa de contenção da inflação nos EUA, na zona euro e outros países aliados.