Panorama internacional

Sistema financeiro global está à beira de uma virada histórica, afirma mídia

O dólar pode perder seu status de moeda de reserva mundial: cada vez mais países estão abandonando a moeda americana porque vêem os EUA usarem seu dinheiro como arma econômica.
Sputnik
Por exemplo, após a eclosão das hostilidades na Ucrânia, eles congelaram 300 bilhões de dólares das reservas externas da Rússia. Tudo isso pode "ser o início do fim da indiscutível hegemonia do dólar", indica o jornal alemão Die Welt.
Com as suas declarações desta semana, o presidente francês Emmanuel Macron causou um "terremoto diplomático", relata o Die Welt. Macron disse que a Europa não deve se tornar um "vassalo dos EUA" no seu conflito com a China, deve ser uma "terceira força independente” no grupo de superpotências.
Ao mesmo tempo, Macron criticou o papel do dólar como moeda de reserva mundial e alertou para a "extraterritorialidade" do dinheiro americano, porque, com medo de sanções, muitas empresas da União Europeia são forçadas a recusar acordos com países fora da União.
Nos mercados de câmbio, a declaração de Macron foi bem compreendida, o que fez com que o valor do dólar caísse. O euro, pelo contrário, se fortaleceu, atingindo o valor máximo do último ano. "Isto poderia ser o início do fim da indiscutível hegemonia do dólar", escreve o Die Welt.
Se for abandonado não só pela Rússia e pela China, mas também pela Europa, o sistema monetário mundial estará à beira de "uma virada histórica".
Ao mesmo tempo, os especialistas duvidam que uma outra moeda possa realmente afastar e substituir o dólar. Em vez disso, eles acreditam que o sistema monetário mundial simplesmente se tornará mais multipolar. E nele, o ouro desempenhará um grande papel.
Ao mesmo tempo, os EUA são capazes de acelerar esse processo e "dar um tiro no próprio pé" ao seguir usando o dólar como arma financeira, afirmam os especialistas.
Após a eclosão das hostilidades na Ucrânia, os americanos congelaram 300 bilhões de dólares (R$ 1472,97 trilhões) das reservas internacionais da Rússia. Como resultado, muitos países reduziram suas reservas em dólares, temendo que algo semelhante pudesse acontecer com eles.
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Por exemplo, a China reduziu significativamente o número de títulos do Tesouro dos EUA. E isso não aconteceu só com Pequim, continua o Die Welt. Os últimos dados do Fundo Monetário Internacional mostram que, até o final de 2022, os bancos centrais do mundo detinham apenas 58,4% de suas reservas cambiais em dólares. Este é o número mais baixo desde 1995. Mesmo antes dos ataques ao World Trade Center em 2001, esta porcentagem era de 73%.
Mas outras moedas ainda não conseguiram se beneficiar do declínio das reservas em dólares. O euro cresceu um pouco. A cota-parte das reservas cambiais mundiais em yuan é de apenas 3%.
O dinheiro chinês ainda não é uma moeda conversível. Não se trata de uma questão técnica, mas sim política. Pequim controla firmemente a cotação do yuan e deliberadamente o faz de uma maneira opaca que assusta muitos fora do país.
Os mercados de capitais para o dinheiro chinês vão certamente emergir, e a China até criou o seu próprio sistema de pagamentos, uma alternativa ao SWIFT, mas isso ainda não é suficiente para se tornar uma moeda de reserva, quanto mais uma moeda de reserva mundial.
Por exemplo, a Índia, temendo sanções dos EUA, não paga pelos suprimentos de petróleo russo em dólares, mas prefere usar o dirham dos Emirados Árabes Unidos em vez do yuan.
No entanto, tudo isso não significa que não haja ameaças econômicas ao dólar, destaca a publicação. Os EUA acumularam uma enorme dívida de US$ 31,5 trilhões de dólares (R$ 154,66 trilhões). Além disso, os americanos têm um grande déficit comercial, já que as importações excedem significativamente as exportações. No ano passado, a diferença foi de 960 bilhões de dólares (R$ 4713,50 trilhões).
Washington tem que gastar trilhões todos os anos para compensar o que é chamado de "déficit duplo".

"Há um certo nervosismo nos mercados financeiros. Recentemente, não só o preço do ouro aumentou, mas houve até um retorno da criptomoeda bitcoin, cujo valor excedeu novamente o limite de 30 mil dólares [R$ 147,30 trilhões]."

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