A Administração Nacional de Arquivos e Registros dos Estados Unidos recentemente desclassificou um documento que revela que José López Portillo, presidente do México entre 1976 e 1982, foi informante da CIA.
"Bill Sturbitts [tenente-coronel da Força Aérea dos EUA] apontou que o México terá em breve um novo presidente, um homem que está no controle da conexão há vários anos", diz o texto, datado de 29 de novembro de 1976.
Embora o nome do político do Partido Revolucionário Institucional (PRI) não seja mencionado, na época ele já havia vencido as eleições federais daquele ano, então só esperava ser empossado oficialmente, informou a mídia local.
O presidente norte-americano Jimmy Carter aplaude o presidente mexicano José Lopez Portillo depois que os dois assinaram um comunicado conjunto ao final de seus três dias de reuniões na Cidade do México, 16 de fevereiro de 1979
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Presidente foi 'grampeado'
Da mesma forma, o documento indica que Sturbitts informou a seus colegas que era previsível que López Portillo não olhasse com bons olhos para o fato de que essa relação fosse tornada pública, detalhando que incluía "escutas telefônicas".
É preciso destacar que o documento trata de uma reunião realizada nesse mesmo dia entre oito agentes da CIA, em uma altura em que vários dossiês relativos à investigação do assassinato do Presidente norte-americano John F. Kennedy, ocorrido em 1963, estavam para ser desclassificados.
É a primeira vez que se publicam informações sobre a relação entre o serviço de inteligência do governo dos Estados Unidos e López Portillo, que morreu em 2004 aos 83 anos após sofrer uma complicação cardíaca causada por uma pneumonia.
Ele é o quarto presidente do México que teve ligações com a CIA. Segundo dados do jornalista norte-americano Jefferson Morley, citados no livro "Our Man in Mexico" (Nosso homem no México), publicado em 2008, os outros três foram seus antecessores Luis Echeverría, Gustavo Díaz Ordaz e Adolfo López Mateos, todos do PRI.