"Para nós, a América Latina é uma região amistosa, um dos centros de formação de um mundo multipolar, com a qual a Rússia pretende manter um diálogo dinâmico e desenvolver uma cooperação construtiva que não esteja sujeita a nenhum ditame externo", ressaltou a pasta.
Brasil, o país-chave
"O Brasil pode ser colocado em um segundo lote, no qual há um tipo de relações diferentes, porque o Brasil é parte do BRICS junto com a Rússia, China, Índia e África do Sul. Então há um tipo de relação diferente, mais direta em matéria comercial, econômica e de reposicionamento desses países nessa busca de uma ordem que passe do unipolar ao multipolar", acrescentou.
"O Brasil tem toda a intenção de fazer duas coisas: primeiro, usar o canal do BRICS para manter e aumentar o fluxo econômico entre esses países, incluindo, claro, a Índia e a China; e segundo, o Brasil está se propondo, dentro do próprio BRICS e junto com a China, como um país que pode negociar a paz no conflito [na Ucrânia], então é do interesse do Brasil que a Rússia veja isso. Ou seja, tem maior espaço em termos geoestratégicos. [...] O Brasil pode se posicionar de maneira importante", ponderou.
"É preciso compreender como funcionará o intercâmbio comercial em moedas nacionais. Precisamos entender como vamos usar uma quantidade tão grande de reais brasileiros que podemos obter, o que faremos com eles, para onde vão depois, embora a ideia em si seja correta, dado que o dólar e a dolarização da economia é uma das formas que tornam possível a política de sanções dos EUA", afirmou.
Os aliados
"Venezuela, Cuba e Nicarágua, além de aliados comerciais, são aliados políticos [de Moscou] e são os três países que mantêm o discurso na América Latina do confronto com os Estados Unidos. É claro que veem na Rússia um dos grandes países que desafiam essa ordem unipolar que os EUA têm pretendido desde a década de 90, para uma visão geopolítica mais multipolar", indicou.
"Estes três países, em primeiro lugar, estão tentando defender seus próprios interesses nacionais e, muito provavelmente, estão tentando obter algumas vantagens da interação tanto com a Rússia, quanto com os países do Ocidente coletivo", garantiu.