Panorama internacional

'Combates sangrentos' no Sudão já deixam quase 100 civis mortos em apenas 3 dias, diz mídia

Confrontos entre o Exército e forças paramilitares rivais podem levar a um conflito "generalizado", alertam observadores internacionais segundo o Financial Times (FT).
Sputnik
De acordo com a FT, aproximadamente 100 civis já foram mortos no Sudão e centenas ficaram feridos desde o início dos confrontos no sábado (15) entre o Exército sudanês e um grupo paramilitar rival.
O número de vítimas nos "combates sangrentos e caóticos" que já se estendem pelo terceiro dia foi estimado por um grupo não governamental pró-democracia, o Comitê Central de Médicos Sudaneses, nesta segunda-feira (17). A maioria das mortes de civis ocorreu na capital Cartum.
O número total de feridos, incluindo militares, já é estimado como sendo superior a 900, muitos em estado "crítico", de acordo com o grupo de médicos.
A ONU intermediou uma "pausa temporária de três horas nos combates por motivos humanitários" entre as facções em conflito na tarde de domingo (16). A União Africana (UA) pediu um "cessar-fogo imediato", alertando no domingo que os combates "podem se transformar em um conflito generalizado".
Diversos países e órgãos internacionais como Rússia, China, EUA, União Europeia (UE) e a ONU exortaram os dois lados a interromper os combates, desencadeados por uma disputa de poder entre o Exército liderado por Abdel Fattah al-Burhan, presidente desde outubro de 2021, e Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemeti, vice-presidente do Sudão e comandante do contingente paramilitar das Forças de Apoio Rápido.
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O gabinete do secretário-geral da ONU, António Guterres, exortou-os a "cessar imediatamente as hostilidades, restaurar a calma e iniciar um diálogo", acrescentando que "qualquer nova escalada nos combates terá um impacto devastador sobre os civis".
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, pediu em comunicado que todos os atores "parassem a violência imediatamente e evitassem novas escaladas ou mobilização de tropas e continuassem as negociações para resolver questões pendentes".
Até o momento, ambos os lados envolvidos no conflito afirmaram ter o controle do palácio presidencial e do aeroporto internacional de Cartum, bem como algumas das bases um do outro. A Força Aérea sudanesa alertou os cidadãos para não saírem de suas casas e alguns caças podem ser vistos no céu sobre a capital do país.
Segundo Riad, Blinken e seus homólogos da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos – países tidos como próximos de Hemeti – conversaram e afirmaram a "necessidade de acabar com a escalada militar".
Ainda segundo a mídia, membros da comunidade internacional querem que a liderança sudanesa retorne a um "acordo-quadro" há muito adiado para a transição para um governo civil. Em um comunicado no domingo (16), as Forças Armadas sudanesas descartaram qualquer possibilidade de conversar com o lado inimigo no conflito.
Líderes civis e militares estão conversando sobre a transição para a democracia após o golpe de 2021 que levou al-Burhan ao poder. As primeiras negociações começaram em 2019, depois que o ditador Omar al-Bashir foi deposto após 30 anos no poder.
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