"O fato de que o Brasil possa conseguir um melhor posicionamento com a Rússia pode ser tomado como uma espécie de exemplo ou caso a seguir. Pode abrir-se uma enorme janela de oportunidade para que outros países expressem interesse em negociar com a Rússia", afirmou Cabrera.
"Essa aproximação entre a Rússia e o Brasil seria como um exemplo a seguir ou influenciar outros países latino-americanos a se aproximarem da Rússia", acrescentou ele.
O analista enfatizou que o Brasil "poderia ser a porta de entrada da Rússia na América Latina".
"Temos um declínio econômico e problemas associados à energia, e a Rússia é uma oportunidade considerável a ter em conta para continuar se desenvolvendo e atender às necessidades dos cidadãos", observou.
O Brasil pode ser uma "plataforma efetiva para que capitais, interesses e parte da cultura e diplomacia russas possam permear grande parte da região com projetos efetivos [...] que superem o cerco ou o isolamento que gerou o conflito com a Ucrânia", informou.
Na segunda-feira (17), uma fonte da chancelaria do Brasil disse à Sputnik que seu país considera a relação com a Rússia "sólida e tradicional", pelo que aposta em um "diálogo amplo".
Além disso, destacou que ambos os países têm um "intercâmbio comercial intenso" e garantiu que os produtos russos são "estratégicos para o agronegócio brasileiro".
Essa declaração foi feita horas depois do início da visita do chanceler russo Sergei Lavrov ao Brasil, durante uma turnê latino-americana que o levará também à Venezuela, Nicarágua e Cuba.
Enquanto isso, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva propôs criar um formato similar ao Grupo dos Vinte (G20) para debater a situação na Ucrânia.
Anteriormente, declarou que os EUA e a Europa devem começar a trabalhar pela paz na Ucrânia em vez de incentivar o conflito.
O jornal britânico The Financial Times informou em março passado, citando o chanceler brasileiro Mauro Vieira, que Lula quer propor a criação de um "clube de paz" com a participação da China para tentar solucionar o conflito na Ucrânia.
No final de fevereiro, Lula exortou os países não envolvidos nesse conflito a se encarregarem da promoção das conversações para o restabelecimento da paz e também apelou a que se ofereçam à Rússia as "condições mínimas" para pôr fim aos confrontos.