Mesmo com os recentes ruídos entre Brasil e Estados Unidos em relação ao conflito na Ucrânia, o governo Biden anunciou na manhã desta quinta-feira (20) que pretende injetar US$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões) no Fundo Amazônia nos próximos cinco anos.
O Fundo Amazônia é o programa de financiamento internacional do Brasil que banca ações contra o desmatamento na floresta Amazônica. Desde a sua criação, o mecanismo conta com verbas de dois países, Noruega, a maior financiadora, e Alemanha. Os pagamentos são voluntários, podem ser feitos por outros governos e também por empresas.
O novo valor é dez vezes maior que o anunciado quando o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, foi a Washington em fevereiro, quando os EUA ofereceram US$ 50 milhões (R$ 250 milhões), o que decepcionou o governo brasileiro na época pelo pequeno valor.
Entretanto, o novo montante divulgado ainda precisa ser aprovado pelo Congresso norte-americano.
Joe Biden tem maioria no Senado, mas minoria na Câmara, onde os republicanos, que controlam a Casa, são críticos ao que chamam de gastos desenfreados do governo e muito mais resistentes ao empenho de recursos em outros países, sobretudo na mitigação de mudanças climáticas, tema que não figura nas prioridades de deputados da legenda, analisa a Folha de São Paulo.
A notícia acontece um dia após o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, entrar em contato com o assessor da Presidência para assuntos estrangeiros, Celso Amorim, para debater os últimos acontecimentos envolvendo Lula e suas afirmações sobre EUA e UE em relação à Ucrânia. A Casa Branca acusou na terça-feira (18) o Brasil de "falta de neutralidade" diante do conflito.
O jornal também diz que o governo Biden "está trabalhando" em um aporte de US$ 50 milhões (R$ 250 milhões) em uma iniciativa do BTG Pactual que pretende arrecadar US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões) para restaurar 300 mil hectares de áreas degradadas no Brasil, Uruguai e Chile.
O anúncio americano pode ser interpretado como um aceno do país estadunidense que tenta ganhar novo destaque entre países sul-americanos, atualmente bem voltados para acordos com China e Rússia.
Após Lula sair "de mãos vazias" do encontro com Biden, mas fechar 15 acordos com Pequim na semana passada, Washington, mesmo diante das tensões pela declaração do presidente brasileiro em relação à Ucrânia, tenta se aproximar de Brasília.