A maioria dos finlandeses era contra a adesão de seu país à OTAN, e por essa razão a questão não foi submetida a um referendo, disse Johan Beckman, um cientista social e político finlandês e professor associado da Universidade de Helsinque, Finlândia.
"Nós, é claro, não recebemos nenhum referendo [...] A razão por qual não houve referendo é clara: porque a maioria dos finlandeses é contra. Não há nenhuma ameaça da Rússia contra a Finlândia, absolutamente nenhuma. Todos na Finlândia admitem isso, que não há nada de negativo da Rússia, e que também não houve nada no ano passado. Está tudo calmo, calmo na nossa fronteira e na própria Finlândia", de acordo com Beckman, que falou no centro de imprensa do grupo de mídia Rossiya Segodnya.
Na avaliação de Beckman, a liderança finlandesa tomou a decisão de aderir à OTAN com base em pesquisas de opinião, que supostamente mostraram a prontidão dos finlandeses para tal passo, e que foi chamada de "triunfo da democracia", algo com o qual discorda.
O analista político também observou que os iniciadores estavam com pressa de aderir à OTAN com o antigo parlamento, pois tinham medo de que após as eleições parlamentares de 2 de abril já não fosse possível votar a favor desta decisão.
"Na véspera das eleições parlamentares, todo o debate sobre a OTAN foi banido. Nossos jornalistas disseram que não podíamos discutir a OTAN porque todos os nossos partidos já estavam de acordo", afirma Beckman.
Segundo ele, a adesão foi precedida por uma onda de propaganda antirrussa, que efetivamente terminou assim que a decisão foi tomada.
"[…] Assim que a Finlândia aderiu à OTAN, não houve mais propaganda, eles até publicaram algumas críticas contra a OTAN. Mas antes disso não houve nenhumas críticas", referiu.
Johan Beckman acredita que as pessoas comuns na Finlândia só estão sofrendo com a destruição dos laços com a Rússia, citando "um aumento de eletricidade de até dez vezes, ou pelo menos várias vezes", o encerramento de empresas e a queda geral do padrão de vida no leste da Finlândia, que perdeu o acesso a turistas russos.
"Naturalmente, este é um ditame de Bruxelas, e de repente eles começaram a falar no mesmo tom que os nazistas usavam, que os russos não têm o direito de passear pelas cidades europeias", disse Beckman.
A Finlândia e a Suécia entregaram à OTAN em maio de 2022 pedidos para aderir à aliança, citando a operação militar especial. Em 31 de março de 2023 a candidatura da Finlândia foi completada oficialmente, sendo que a da Suécia segue pendente devido a desacordos com a Hungria e a Turquia, dois dos Estados-membros do bloco militar.