Panorama internacional

Ninguém deu aos EUA o direito de falar em nome de toda a comunidade mundial, diz Lavrov

O ministro das Relações Exteriores da Rússia falou perante uma sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre multilateralismo efetivo e a defesa dos princípios da Carta da ONU.
Sputnik
Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, disse nesta segunda-feira (24) que a minoria ocidental deveria se comportar decentemente e respeitar os outros membros da comunidade mundial.

"Vamos ser diretos: ninguém permitiu que a minoria ocidental falasse em nome de toda a humanidade", disse Lavrov, falando em reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre multilateralismo efetivo e a defesa dos princípios da Carta da ONU.

"Temos que nos comportar decentemente e respeitar todos os membros da comunidade internacional", sublinhou o ministro.
Segundo Lavrov, os EUA escolheram o caminho de destruição da globalização.
"Em uma tentativa desesperada de afirmar seu domínio através da punição dos desobedientes, os EUA têm se empenhado em destruir a globalização, que durante anos exaltaram como um bem supremo de toda a humanidade, que servia o sistema multilateral da economia mundial", apontou.
Conforme declarou, "Washington e o resto do Ocidente que se lhe submeteu invocam suas 'regras' sempre que precisam justificar movimentos ilegítimos contra aqueles que traçam suas políticas de acordo com o direito internacional e se recusam a seguir os interesses egoístas do 'bilhão de ouro'", em referência à população dos países mais ricos.
"Os discordantes ficam na lista negra de acordo com o princípio: quem não está conosco está contra nós", sublinhou o alto responsável.

Situação internacional da Ucrânia

O diplomata instou a comunidade internacional a não ver a questão ucraniana sem o seu contexto geopolítico, e sugeriu que o multilateralismo "pressupõe o respeito pela Carta das Nações Unidas em todos os seus princípios inter-relacionados".
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O regime nazista de Kiev não pode ser visto como representando os interesses da região de Donbass depois que a população local recusou reconhecer o golpe de Estado sangrento de fevereiro de 2014, continuou Sergei Lavrov, citando o exemplo dos sérvios do Kosovo, aos quais a União Europeia prometeu a autonomia, da mesma forma que a Alemanha e a França o fizeram para Donbass.

Tensões internacionais

"Mais uma vez, como no período da Guerra Fria, chegamos a uma linha perigosa, e talvez ainda mais perigosa. A situação é exacerbada pela perda de fé no multilateralismo, quando a agressão financeira e econômica ocidental destrói os benefícios da globalização, quando os EUA e seus aliados abandonam a diplomacia e exigem que as relações sejam resolvidas 'no campo de batalha'."
"Tudo isso dentro dos muros da ONU, que foi criada para evitar os horrores da guerra. As vozes de forças responsáveis e sensatas, os apelos por sabedoria política e o renascimento de uma cultura de diálogo estão sendo abafados por aqueles que escolheram minar os princípios fundamentais da comunicação interestatal", notou ele, instando ao "retorno às raízes", com respeito aos propósitos e princípios da Carta da ONU "em toda a sua diversidade e interconexão".
O ministro das Relações Exteriores vê o destacamento de forças significativas de Washington e aliados para a Ásia-Pacífico como outro ataque ao multilateralismo.
"Os EUA e seus aliados estão agora empregando forças consideráveis para minar o multilateralismo na Ásia-Pacífico, onde um sistema aberto e bem-sucedido de cooperação econômica e de segurança foi desenvolvido por décadas em torno da ASEAN", mencionou Lavrov, falando sobre a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês).
O chanceler disse que esse sistema de cooperação permitiu abordagens consensuais que se adequavam tanto aos dez membros da ASEAN quanto a seus parceiros de diálogo, incluindo a Rússia, China, EUA, Índia, Japão, Austrália e Coreia do Sul, garantindo um verdadeiro multilateralismo inclusivo.
"Ao apresentar sua 'Estratégia do Indo-Pacífico', Washington escolheu romper essa arquitetura de consenso estabelecida", assumiu o ministro das Relações Exteriores russo.
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