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Mídia: Brasil rejeita novas exigências europeias para acordo UE-Mercosul; pacto pode travar de novo

Novas exigências europeias enviadas recentemente transformam compromissos voluntários do Brasil em obrigações vinculantes, manobra considerada como arriscada pelo Itamaraty, uma vez que a negociação comercial já foi concluída.
Sputnik
Um dos passos mais esperados no campo do comércio internacional para o Brasil é a finalização do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, que se arrasta para ser ratificado há 23 anos.
Após resistência europeia à gestão Bolsonaro, os europeus sinalizaram, com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, que voltariam a conversar sobre o acordo quando a nova gestão começasse.
As tratativas de fato recomeçaram, contudo, o lado europeu fez ainda mais exigências ambientais aos países-membros do Mercosul, e o governo Lula já teria se posicionado sinalizando que não aceitará os compromissos ambientais extras sejam exigidos, segundo a coluna de Jamil Chade no UOL.
Para Lula, existe um espaço real para que o tratado seja finalmente assinado. Mas o temor do governo brasileiro é de que as economias mais protecionistas do bloco europeu usem os aspectos ambientais para justificar a criação de novos obstáculos ou mesmo medidas restritivas às exportações nacionais, escreve o jornalista.
Em entrevista ao El Pais nesta quinta-feira (27) Lula disse que "estamos em 2023 e a proposta ainda é impossível de aceitar. Vamos propor mudanças".
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O mandatário esteve em Portugal e na Espanha nestes últimos dias e o assunto foi posto na mesa. Em Lisboa, o tema foi inserido na declaração conjunta entre os dois países, mas as nações mercosulinas não estariam satisfeitas com o andamento da negociação.
Há duas semanas, a União Europeia apresentou um projeto para tentar superar o impasse nas negociações com o Brasil e, assim, concluir o acordo, mas o texto adicional ampliava as exigências ambientais, em um gesto considerado pelo Itamaraty como uma manobra que pode até mesmo ameaçar o tratado.
Pelo novo pacto, os países teriam de assumir uma série de compromissos ambientais, de biodiversidade e sobre direitos humanos. O ponto mais delicado é que o novo texto transforma o que são compromissos voluntários do Brasil sobre o clima em obrigações vinculantes.
Um dos argumentos usados pelo governo brasileiro é de que os europeus já adotaram protocolos extras em outros tratados comerciais, mas os documentos jamais significaram condições adicionais. Um exemplo citado é o acordo entre a Europa e o Canadá, outro importante exportador agrícola.
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No protocolo adicional, há apenas uma lista de esclarecimentos sobre alguns dos pontos mais sensíveis do tratado comercial. Mas não a imposição de novas exigências.
Internamente, escreve o jornalista, o governo Lula acredita que, se os europeus querem atuar para ajudar o Brasil com o meio ambiente, não precisam fazer exigências. Eles podem recorrer ao Fundo da Amazônia e investir para ajudar o país a reduzir o desmatamento.
A interpretação, é que o pacto Mercosul-União Europeia trata-se de uma negociação comercial já concluída, e que tal protocolo extra não poderia ser apresentado como uma carta de adesão com assinatura, como querem os europeus.
Com as negociações concluídas em 28 de junho de 2019, o pacto entre o bloco sul-americano e europeu ainda dependente do processo de revisão, assinatura e ratificação para entrar em vigor.
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