A economia dos EUA já está em recessão, mesmo que as taxas de desemprego caiam, afirmou Albert Edwards, um dos principais analistas e estrategistas do mercado de ações do banco francês Société Générale.
"O principal indicador oficial dos EUA nos diz que a recessão é um fato, não amanhã, não na próxima semana, mas hoje", disse ele na quinta-feira (4), em referência ao Principal Índice Econômico (LEI, na sigla em inglês) dos EUA, do The Conference Board, que agora está em níveis negativos, e semelhantes aos registrados em recessões passadas. A informação foi citada no sábado (6) pelo portal Business Insider.
Edwards sublinhou que, embora os dados mais recentes do Escritório de Estatísticas Laborais (BLS, na sigla em inglês) indiquem que a taxa de desemprego no país tenha caído para 3,4%, e que tenham sido criados 253.000 novos empregos, contra as expectativas de 180.000, é preciso ter cautela.
"Como a economia pode estar em recessão quando os vencimentos e o PIB ainda estão crescendo, e muitos outros dados parecem, se não robustos, então razoáveis? A resposta óbvia é, como no início de 2008 [quando começou a crise financeira global], revisões", disse ele.
As revisões dos dados de fevereiro e março mostram de fato um enfraquecimento do mercado de trabalho: o número de empregos criados em fevereiro foi revisado em baixa de 326.000 para 248.000, e em março de 236.000 para 165.000.
O analista também afirmou que os lucros corporativos, que permanecem altos apesar do aumento dos custos, terão um "caminho muito, muito longo para cair" no futuro. Com as empresas mantendo os custos elevados para aumentar os lucros, que, em conjunto com as taxas de juro, alimentam ainda mais a inflação, o cenário aponta "para uma recessão profunda", disse Albert Edwards.
Os aumentos das taxas de juro, que recentemente atingiram um intervalo de 5 a 5,25% já dobraram as taxas hipotecárias, aumentaram os custos de empréstimos para carros e cartões de crédito, e também para empresas. Eles ainda contribuíram para a falência de três grandes bancos dos EUA, pois os bancos que sofreram as falências haviam comprado títulos de longo prazo que pagavam taxas baixas e rapidamente perderam seu valor quando o Fed, o banco central do país, aumentou as taxas.