Panorama internacional

Por estradas secundárias: petróleo da Rússia continua a fluir para a Europa, apesar das sanções

Apesar das sanções ocidentais, o petróleo russo continua a entrar no mercado europeu, já que alguns países revendem o "ouro negro" de Moscou. Um deles é a Índia, que aumentou consideravelmente suas compras do Kremlin no último ano, paralelamente às exportações para a Europa.
Sputnik
Segundo dados da empresa Vortexa, citados pelo Der Tagesspiegel em abril, a Índia importou pela primeira vez mais petróleo da Rússia do que dos seus antigos principais fornecedores, Arábia Saudita e Iraque, juntos: 1,7 milhões de barris por dia.
Ao mesmo tempo, Nova Deli tornou-se o principal fornecedor europeu de combustíveis refinados, como o gasóleo, com exportações de 365 mil barris por dia. Os observadores da indústria estão convencidos de que há petróleo russo processado nos suprimentos indianos.
Desde dezembro, a União Europeia (UE) mantém um embargo ao petróleo russo embarcado por navio. Além disso, desde fevereiro, também está proibida a importação de derivados de petróleo da Rússia, como diesel e gasolina. O think tank finlandês Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA, na sigla em inglês) considera, no entanto, que este embargo está a ser contornado com a ajuda de países terceiros, como a Índia.
"Os países ocidentais com sanções de petróleo contra a Rússia, incluindo a UE, aumentaram maciçamente suas importações desses países, que se tornaram os novos principais receptores de petróleo russo", observou o Der Tagesspiegel.
Além da Índia, a organização também aponta que China, Turquia, Emirados Árabes Unidos e Cingapura lavam petróleo russo. No total, suas entregas de derivados de petróleo aos países ocidentais sancionadores aumentaram quase € 19 bilhões (cerca de R$ 94 bilhões) em um ano, após o início do conflito ucraniano, iniciado em 24 de fevereiro de 2022.
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No entanto, o argumento de que a compra de petróleo da Rússia apoia indiretamente o conflito "não impressionou" Nova Deli. O Governo do país asiático indica que se sente obrigado sobretudo a fornecer energia a preços acessíveis à sua população, sendo que o petróleo bruto russo é agora vendido com desconto.
Ultimamente, os governos ocidentais têm se abstido de criticar publicamente as relações da Índia com a Rússia, pois veem Nova Deli como um parceiro importante, principalmente em uma possível aliança regional contra a China, destaca a mídia, cuja liderança não pode ser ignorada pelo Ocidente.
Portanto, as autoridades de Nova Deli não veem razão para se abster de relações mais estreitas com a Rússia. Além de aprofundar sua parceria militar, ambos os Estados estão negociando um acordo de investimento e um acordo de livre comércio com a Comunidade Econômica da Eurásia, dominada por Moscou. A Índia espera abrir um novo mercado na Rússia para seus exportadores, a fim de equilibrar o déficit comercial causado pelas maciças importações de petróleo, concluiu o jornal.
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