A unidade transatlântica e do G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) foi acompanhada por uma maior divisão política com o mundo emergente, observou o alto funcionário, citando o ex-secretário de Relações Exteriores britânico, David Miliband.
"A lacuna entre o Ocidente e o restante [do mundo] vai além dos erros e acertos da guerra. Em vez disso, é o produto de uma profunda frustração — na verdade, raiva — com a má gestão ocidental da globalização desde o fim da Guerra Fria", escreveu.
Segundo Borrell, as diferenças de percepção da crise ucraniana decorrem de diferentes histórias, geografia, prioridades políticas etc., mas "a questão é mais profunda".
"Há um sentimento geral [...] de que o chamado 'Ocidente' tem sido inativo e egoísta quando se trata de uma série de questões-chave que se enquadram na rubrica da justiça global: alívio da dívida, financiamento da mudança climática, a reforma das instituições financeiras internacionais e, em última análise, assentos e influência nas mesas de decisão mais importantes do mundo", afirmou.
No entanto, Borrell afirmou ainda que, de qualquer forma, as expectativas e reclamações dos países em desenvolvimento devem ser levadas a sério. "Até porque neste mundo há uma batalha de opiniões e, além disso, uma batalha de propostas", concluiu o diplomata.