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EUA permitirão que inadimplência ocorra? Especialistas explicam à Sputnik

Uma possível inadimplência dos Estados Unidos, se as conversações para aumentar o teto da dívida fracassarem, terá consequências catastróficas para a economia norte-americana, disse o presidente dos EUA, Joe Biden. A Sputnik obteve a opinião de especialistas sobre o que pode ser feito e ao que levaria a inadimplência dos EUA.
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A situação em torno de uma possível inadimplência da dívida federal dos EUA aparentemente se tornou tão aguda que Biden nem mesmo descartou anteriormente que, se a situação não for resolvida, ele poderá se retirar da cúpula do G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) a ser realizada em Hiroshima de 19 a 21 de maio.
Uma análise publicada no site da Casa Branca observa que no caso de uma inadimplência de curto prazo o número de empregos vai cair em 200-500 mil, o PIB dos EUA vai cair em 0,3%-0,6% e o desemprego vai aumentar em 0,1%-0,3%.
No caso de uma inadimplência total, o número de empregos pode cair em 8,3 milhões, o PIB anual em 6,1%, o mercado de ações em 45% e o desemprego pode aumentar em 5%, anulando o sucesso da administração Biden.
A Casa Branca exige que o teto seja aumentado incondicionalmente. Entretanto, a Câmara dos Representantes, que tem maioria republicana, pressiona por cortes orçamentários significativos.
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Tesouro dos EUA: 'Não há boas opções' se Congresso não conseguir aumentar teto da dívida
Há poucos dias, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, alertou que o fracasso do Congresso em decidir sobre o teto da dívida pode causar uma crise constitucional e levar a uma inadimplência já em junho.
Segundo o doutor em Ciências Econômicas do Instituto de Estudos dos Estados Unidos e o Canadá Vladimir Vasiliev, em caso de inadimplência, independentemente de sua duração, o dólar cairá e a incerteza global será ruim para muitos países, levando a uma falta de confiança na moeda norte-americana e ao pânico nas bolsas de valores, na expectativa de uma recessão econômica global.
Vasiliev indica também o fato de que Biden pode recorrer à 14ª emenda da Constituição dos EUA, segundo a qual a administração do presidente assume o controle total do sistema financeiro da dívida nacional sem o envolvimento do Congresso.
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EUA admitem que dívida provavelmente vai ultrapassar PIB na próxima década

"Essa emenda nunca foi invocada antes. Sua aplicação significa que todas as obrigações do governo federal serão cumpridas: pagamentos, receitas fiscais, venda de títulos etc. Mas a situação passará do âmbito financeiro para o político-jurídico, com consequências imprevisíveis, inclusive até um julgamento e impeachment do presidente", afirma o especialista.

Entretanto, Vasiliev acredita que, segundo anos de experiência, é possível chegar a um acordo sobre o teto da dívida.
"Até o momento, não houve um único caso em que isso não tenha acontecido. Haverá algumas concessões, mas o teto da dívida vai ser estabelecido."
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EUA estão ficando sem medidas extraordinárias para evitar inadimplência, diz Tesouro
Essa opinião é compartilhada por outra especialista, a analista-chefe da Freedom Finance Global Natalia Milchakova. No entanto, ela não descarta tal possibilidade, uma vez que não é possível receber empréstimos constantemente.

"Nos últimos dez anos, a dívida do governo dos EUA cresceu uma média de 6% ao ano. E, em algum momento, esse processo terá de parar, pois os gastos cada vez maiores do governo dos EUA exigem mais e mais empréstimos", diz Milchakova.

De acordo com ela, os primeiros países a sofrer no caso de uma inadimplência serão aqueles que têm um sistema econômico orientado aos Estados Unidos.
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Se China abandonar o dólar americano, as consequências para os EUA 'podem ser severas', diz mídia

"Se ocorrer uma inadimplência, ela atingirá, em primeiro lugar, os maiores detentores de títulos públicos dos EUA. E esses são o Japão, o Reino Unido, a Bélgica e a China. Mesmo que a China esteja se retirando gradualmente desse ativo, aparentemente avaliando-o como cada vez mais arriscado", afirma.

Milchakova observa que, no final de 2022, o Japão era o maior detentor mundial da dívida pública dos EUA e detinha mais de US$ 1,8 trilhão (R$ 8,9 trilhões) em títulos, ou seja, 3,7% do total da dívida.
Se os EUA deixarem de pagar sua dívida, diz ela, os preços dos títulos públicos dos EUA despencarão e o mundo testemunhará uma fuga em pânico dos ativos de risco, inclusive títulos do Japão, que, como os EUA, tem uma dívida pública superior ao seu PIB.
Ao mesmo tempo, Milchakova afirma que a Freedom Finance Global considera o cenário da inadimplência total muito improvável.
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