A Suíça não permitirá que os ativos pertencentes ao Banco Central da Rússia mantidos em bancos suíços sejam usados para a "reconstrução ucraniana", disse um porta-voz da Secretaria de Estado para Assuntos Econômicos (SECO, na sigla em inglês) do país.
"A resposta é não", disse na sexta-feira (12) a porta-voz em resposta à pergunta se Berna aceitaria transferir ativos russos para Kiev.
"Sua declaração é uma interpretação errônea de um comunicado de imprensa [do governo] datado de 10 de maio. O comunicado apenas nota que 'na UE há discussões em andamento sobre se os ativos do Banco Central da Rússia devem ser investidos e os recursos usados para a reconstrução da Ucrânia', e que 'a Suíça está acompanhando essas discussões de perto'", apontou ela.
A SECO anunciou na quarta-feira (10) que cerca de 7,4 bilhões de francos suíços (R$ 40,56 bilhões) em ativos do Banco Central da Rússia estão retidos em bancos suíços. As transações relacionadas à gestão desses ativos foram "imobilizadas" em fevereiro de 2022 depois que a Rússia iniciou sua operação militar especial.
O governo suíço fez distinção entre os ativos "imobilizados" do Estado russo e os estimados 7,4 bilhões de francos suíços em "fundos e ativos congelados" de pessoas, empresas e outras entidades russas sancionadas. A porta-voz da SECO não esclareceu se os "fundos congelados" privados podem ser confiscados e redistribuídos para as mãos de Kiev.
No início deste ano Maria Zakharova, representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, acusou a Suíça de acabar com séculos de neutralidade ao apoiar "inequivocamente" Kiev, apontando para as restrições sobre os ativos russos, a decisão de Berna de aderir às sanções da UE contra a Rússia e a venda de itens militares a países europeus para serem entregues à Ucrânia.