Desde o início da pandemia de COVID-19 em 2019 que o mundo tem vivido grave crise na produção de semicondutores. Com o conflito entre Rússia e Ucrânia e a intensa campanha contra a China feita pelos Estados Unidos no setor, a escassez do microchip responsável pela tecnologia de celulares a carros está deixando o mercado apreensivo.
Diante do cenário de tensão entre potências, principalmente o eixo Pequim, Washington e Taiwan, este último um dos maiores produtores globais de semicondutores, a indústria começou a focar em outro país: o Japão.
De acordo com o The Financial Times sete dos maiores fabricantes de semicondutores do mundo estabeleceram planos para aumentar a produção e aprofundar as parcerias tecnológicas em território japonês.
Em uma reunião sem precedentes em Tóquio com o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, os chefes de fabricantes de chips, incluindo Taiwan Semiconductor Manufacturing, Samsung Electronics da Coreia do Sul e Intel e Micron dos EUA, descreveram planos que podem transformar as perspectivas do Japão de ressurgir como uma potência de semicondutores.
A Micron disse que espera investir até US$ 3,7 bilhões (R$ 18,3 bilhões), incluindo subsídios estatais japoneses, para construir uma fábrica para produzir tecnologia de ponta em litografia ultravioleta extrema em Hiroshima.
A Samsung também está discutindo a criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento em Yokohama com linhas piloto para dispositivos semicondutores.
"O papel do Japão aumentou à medida que nações afins trabalham para fortalecer suas cadeias de suprimentos. Reafirmamos o forte potencial da indústria de semicondutores do Japão", disse Yasutoshi Nishimura, ministro da Economia, Comércio e Indústria do Japão citado pela mídia.
Nishimura também se referiu às conversas com a Intel sobre uma maior cooperação com os fabricantes de chips japoneses e disse que discutiu a cooperação entre a Applied Materials, a IBM e a japonesa Rapidus.
A TSMC, maior fabricante de chips contratada do mundo, também expressou a possibilidade de mais investimentos no Japão depois de concordar em construir uma nova fábrica na província de Kumamoto, segundo a mídia.
Nishimura disse que o governo usaria uma quantia trilionária destinada a suplementar o orçamento do Japão no ano passado para apoiar as promessas feitas por fabricantes de chips estrangeiros.
O uso de generosos subsídios pelo Japão para atrair fabricantes de chips é atenuado por preocupações de que os esforços para expandir a indústria de semicondutores sejam prejudicados pela redução da força de trabalho do país, incluindo uma escassez crônica de engenheiros.