Operação militar especial russa

Economista: EUA pegaram Ucrânia em armadilha segundo o cenário do Afeganistão

A venda de armas pelas grandes empresas foi a verdadeira causa do conflito ucraniano, arrastando Kiev para uma aventura nos moldes da crise afegã, disse o economista Jeffrey Sachs ao programa de TV Democracy Now!
Sputnik
Segundo ele, os políticos e diplomatas norte-americanos estavam cientes dos riscos que acompanham as ambições da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de se expandir para a Ucrânia.
Mas eles não foram levados em consideração por Washington devido à pressão do complexo industrial-militar. Os inúmeros avisos da Rússia sobre isso também não foram levados em conta.

"[O presidente russo] Vladimir Putin colocou sobre a mesa um projeto de acordo de segurança entre os EUA e a Rússia que se baseava em não expandir a OTAN para a Ucrânia. E esse tem sido o refrão da Rússia durante 30 anos, mas nós não o ouvimos, e agora estamos investindo US$ 113 bilhões [R$ 566 bilhões] nisso. Isso é horrível para a Ucrânia. Pegamos na armadilha mais um país no meio de nossas campanhas de lobby, porque isso não vai funcionar bem para a Ucrânia. É um desastre. É como aconteceu com o Afeganistão", afirma Sachs.

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O jornalista nota também que, enquanto a mídia ocidental chama todas as vezes a operação militar russa de "não provocada", na verdade, a razão real foi muitas vezes pronunciada pelas próprias autoridades norte-americanas.

"Eles [mídias ocidentais] não falam sobre a verdade, que é o que nossos próprios diplomatas [...] inclusive o diretor da CIA, William Burns, que escreveu um memorando que foi divulgado pelo WikiLeaks em 2008. Seu memorando de 2008 dizia que isso é existencial, do ponto de vista da Rússia. Se continuarmos a empurrar a ampliação da OTAN para a Ucrânia, isso poderá ter consequências absolutamente terríveis. Nossos diplomatas sempre souberam disso", revela o especialista.

Ele enfatizou também que os investimentos ocidentais no conflito ucraniano só podem levar a uma nova escalada, o que outros Estados importantes e regiões inteiras do mundo temem – o Sul Global, o Brasil, a China e o Oriente Médio.
Fumaça sobe de prédios em Artyomovsk (Bakhmut, em ucraniano), local das mais pesadas batalhas entre as tropas da Rússia e da Ucrânia, república de Donetsk, 26 de abril de 2023
Ao mesmo tempo, os EUA e seus aliados continuam a alimentar o conflito ucraniano, falando sobre a recente derrota em Artyomovsk (Bakhmut, na denominação ucraniana).

"As estimativas são de que apenas essa pequena batalha custou bilhões e bilhões de dólares, sem mencionar o desastre de quantas mortes. Portanto, eles estão gastando dinheiro como se não houvesse amanhã. E se não tomarmos cuidado, não haverá amanhã."

Na semana passada, Jeffrey Sachs criticou o "plano de paz" do presidente ucraniano Vladimir Zelensky, apoiado pelo Ocidente, dizendo que, na realidade, ele foi criado para garantir a derrota da Rússia em vez de levar a um acordo real.
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