Astrônomos da Universidade da Flórida descobriram que um terço dos planetas que orbitam em torno das estrelas anãs vermelhas pode estar localizado em uma área habitável, onde as condições são adequadas para conter água líquida em sua superfície, o que os converte em candidatos idôneos para albergar vida, informou nesta segunda-feira (30) essa instituição científica americana.
Tem-se documentado que as anãs vermelhas, que constituem aproximadamente 70% das estrelas conhecidas, se caracterizam por serem pequenas e frias, além de que seu tamanho é no máximo a metade de nosso Sol. Também é conhecido que ao redor desses corpos celestes orbitam bilhões de planetas.
'Aquecimento por maré' elimina possibilidades
Para que esses planetas tenham calor suficiente para serem habitáveis, deveriam orbitar muito perto de suas estrelas-mãe. No entanto, um novo estudo demonstrou que tal proximidade, que seria comparável à distância a que Mercúrio se encontra do Sol, os expõe a um processo conhecido como "aquecimento por maré".
De acordo com os pesquisadores, isto deve-se em grande medida à forma da órbita dos planetas, já que quanto mais oval esta for, mais excêntrica será, pelo que estarão sujeitos a uma atração gravitacional diferente em certos pontos de sua trajetória orbital. Isso causaria fricção muito quente para os objetos cósmicos, evaporando os traços de água líquida neles.
Após examinar a excentricidade de 150 planetas localizados em torno de estrelas anãs vermelhas que têm aproximadamente o tamanho de Júpiter, através de dados obtidos dos telescópios Kepler da NASA e Gaia da Agência Espacial Europeia, dois terços destes corpos espaciais tinham órbitas excêntricas, incapazes de alojar vida no seu interior, embora um terço delas pudesse ser habitável.
Também se descobriu que os sistemas estelares com múltiplos planetas são mais propensos a ter órbitas circulares, permitindo-lhes reter água líquida. No entanto, acredita-se que as estrelas com um único planeta têm mais probabilidades de ser submetidas às forças de maré extrema, o que elimina traços do vital líquido.
"Creio que este resultado é realmente importante para a próxima década de pesquisa de exoplanetas, porque os olhos estão se deslocando para esta população de estrelas", garantiu a pesquisadora Sheila Sagear, que reiterou que "estas estrelas são excelentes alvos para procurar pequenos planetas em uma órbita em que é concebível que a água seja líquida e, portanto, o planeta seja habitável".