"Não queremos uma terceira guerra mundial. E mesmo que não tenhamos isso, não queremos uma nova Guerra Fria [...] Todas as preocupações dos países da região devem ser levadas em consideração, se você quiser a paz. A única outra alternativa é a vitória militar total contra a Rússia. Você sabe o que vem depois? Eu não", afirmou Celso Amorim.
"Lembro-me da situação da Alemanha depois da Primeira Guerra Mundial [...] O objetivo era enfraquecer a Alemanha no Tratado de Versalhes, e sabemos no que isso deu", afirmou Amorim.
Amorim ainda ressaltou que a segurança nacional é uma das principais preocupações de Moscou, referindo-se ao cerco e à expansão da OTAN para perto de suas fronteiras.
"Não podemos julgar a situação pelo último 1,5 ano. Esta é uma situação de décadas. [A Rússia tem] preocupações que devem ser levadas em consideração. Isso não é culpa da Ucrânia. A Ucrânia é uma vítima, uma vítima dos resquícios da Guerra Fria", enfatizou.
O assessor presidencial voltou a ressaltar que as sanções também não são o melhor caminho para a resolução do conflito na Ucrânia.
"O Brasil acredita que as sanções raramente são o melhor caminho [...] Elas tendem a isolar o Estado que se envolve em comportamento desviante, minando sua confiança na comunidade internacional, que é importante para chegar a acordos pacíficos", declarou.
Anteriormente, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que os EUA e a Europa deveriam começar a falar sobre como chegar a um acordo de paz na Ucrânia, em vez de encorajar o conflito.
Lula também pediu aos países não envolvidos no conflito na Ucrânia que assumissem a responsabilidade de avançar nas negociações para um acordo, bem como fornecer à Rússia "condições mínimas" para acabar com o conflito, sugerindo também a criação de um "G20" para discutir a situação na Ucrânia.