A discussão entre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e o Japão sobre abertura de um escritório em Tóquio começou em 2007, quando o ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe visitou a sede da Aliança Atlântica em Bruxelas. No entanto, o Japão abriu oficialmente uma filial na capital apenas em 2018.
A França, um membro de longo tempo da OTAN, levantou dúvidas sobre a ideia, com o presidente francês Emmanuel Macron afirmando ainda na semana passada que o bloco só deve operar dentro de seu território atual. Na época, Macron afirmou que tal plano era uma anomalia.
A oposição de Macron veio na sequência de sua visita à China há dois meses, onde ele aconselhou que a Europa não deve se envolver na rivalidade EUA-China sobre Taiwan, bem como nos assuntos de segurança na região.
"Se [...] forçarmos a OTAN a ampliar o espectro e a geografia, cometeremos um grande erro", ponderou Macron.
No entanto, a oposição de Macron não é o principal obstáculo nos últimos esforços para aumentar a presença da OTAN na Ásia.
Gupta argumentou que o Japão não se percebe como uma potência regional e detesta aceitar esta realidade. Em vez disso, Tóquio quer explorar seus laços com o Ocidente para conter sua histeria sobre o poderio econômico e militar da China no Leste Asiático, embora a história contemporânea mostre que Pequim não ameaça o Japão.
Em vez disso, as atividades de Tóquio na região deixaram memórias dolorosas para as famílias chinesas e coreanas.
"O problema do Japão - é este tem sido o problema no fim das contas - é que eles acabaram de criar histeria sobre histeria, sobre a China como seu fim dentro de si mesmos. E eles fizeram isso nos últimos 20 anos, mesmo quando a China não era uma ameaça. O que está acontecendo é que o poder mudou drasticamente", disse Gupta.
Ele também observou que os Estados Unidos estavam gradualmente perdendo seu status hegemônico na Ásia, especialmente através dos laços econômicos da China, como a Nova Rota da Seda.
Além disso, o volume de comércio entre a China e a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês) foi de US$ 878,2 bilhões (R$ 4,324 trilhões), tornando a associação a maior parceira comercial da China pelo segundo ano consecutivo com um aumento de 28,1%.
Em uma tentativa de reprimir a presença regional da China e compensar sua própria influência em declínio, os EUA responderam recorrendo a meios militares. De fato, durante o primeiro trimestre de 2023, Washington propôs US$ 9,1 bilhões (R$ 44,81 bilhões) para investimentos militares na região da Ásia-Pacífico como parte de sua Iniciativa de Dissuasão do Pacífico.
Os EUA também aproveitaram a oportunidade para abrir quatro bases militares nas Filipinas e assinaram um pacto de defesa e vigilância com a Papua-Nova Guiné no início deste ano.
"Os Estados Unidos perderam essa parte da propriedade intelectual que possuem em como gerar prosperidade. Agora é sobre sanções, tarifas, populismo e esse tipo de coisa. Mas na frente de segurança, mostra que pode destruir qualquer um se realmente quiser em qualquer ponto no tempo. Mas o fato é que quando você pode apenas destruir coisas, você não pode criar coisas, você não pode construir coisas", concluiu Gupta.