Questionado sobre o assunto, o pesquisador sênior do Instituto de Pesquisa Espacial da Academia de Ciências da Rússia Nathan Eismont descreveu à Sputnik que medidas Moscou pode tomar em resposta.
O programa "conhecimento situacional espacial" classificado Silent Barker representa uma rede de satélites especialmente concebida para complementar tanto os satélites em órbita baixa como os sensores terrestres que será colocada em órbita geossíncrona aproximadamente 35.400 quilômetros acima da Terra.
A constelação fornecerá ao Pentágono "capacidade para procurar, detectar e rastrear objetos do espaço para detecção oportuna de ameaças", de acordo com o Gabinete Nacional de Reconhecimento (NRO, na sigla em inglês).
Os aparelhos também devem "aumentar drasticamente" a capacidade da Força Espacial de rastrear "satélites adversários" manobrando em torno ou perto de naves americanas, permitindo assim que o Pentágono "realmente descubra" o que está acontecendo no espaço com nova precisão.
"Isto é, sem dúvida, militarização, porque a mudança para tarefas que diferem daquelas exigidas pela ciência ou pela economia nacional são aqui claramente visíveis", disse o físico espacial.
"Não posso dizer que esse desenvolvimento traz ameaças reais e catastróficas, mas psicologicamente é desagradável, porque em todas essas tarefas relacionadas ao espaço exterior houve até recentemente uma cooperação bastante perceptível", observou Eismont.
Os satélites espiões são geralmente úteis porque eles tocam em uma questão importante que as grandes potências espaciais têm, ou seja, "se queremos ter certeza de que não precisamos tomar medidas especiais, devemos estar cientes do que está acontecendo no espaço", disse o cientista.
"Se estamos falando de emissões de rádio, podemos tentar avaliar as capacidades que o outro lado tem para emitir pulsos poderosos que podem suprimir alguns dispositivos importantes no espaço. Ou pode-se simplesmente extrair ou interceptar informações. Quanto a outras tarefas, aqui passamos para a gama de problemas associados às atividades na Terra", explicou Eismont, apontando para o exemplo da guerra por procuração OTAN–Rússia na Ucrânia e o uso de drones guiados por satélites, e o uso de sistemas terrestres para suprimir os sinais do espaço exterior.
Como a Rússia e a China podem responder?
Por enquanto, disse Eismont, as prioridades da Rússia e da China em responder à implantação dos satélites dos EUA devem se concentrar em manter a paridade com Washington.
Quaisquer que sejam as medidas que Moscou e Pequim acabem por tomar, o acadêmico não espera que a resposta seja pública.
"Para que revelar tudo?", indagou ele. "O que vamos aprender sobre tudo isso é difícil de dizer. Embora, é claro, o próprio conhecimento de que o lado oposto tem as mesmas ferramentas que você reduz inevitavelmente o nível de tensão. Veremos como as coisas se desenvolvem." "O espaço pertence a todos, não apenas aos americanos", ressaltou o especialista.
"Mas, infelizmente, não tem havido medidas tomadas pelos países envolvidos em atividades espaciais quando se trata de resolver potenciais consequências mutuamente desagradáveis."
A nova rede de satélites será lançada à medida que o Pentágono vem designando cada vez mais o espaço como um "domínio de combate à guerra".