Panorama internacional

Mídia: contrariando discurso de von der Leyen, parlamento da França vota contra acordo UE-Mercosul

Deputados franceses usam o mesmo argumento sobre questão ambientais para "embarreirar" o acordo, mas dessa vez vão mais longe, e propõem uma cláusula no pacto que diga que se o Acordo de Paris for violado, o pacto UE-Mercosul deve ser desfeito.
Sputnik
Apesar da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ter destacado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem (12) que uma "nova era entre o Brasil e a União Europeia" começou agora, parece que nem todos os Estados do bloco querem realmente se aproximar da América do Sul.
De acordo com a coluna de Jamil Chade no UOL, a Assembleia Nacional da França deve aprovar nesta terça-feira (13) uma resolução contrária ao acordo entre a UE e o bloco mercosulino. Segundo o colunista, o texto não tem poder de lei, entretanto, politicamente, representa um duro golpe contra as pretensões dos negociadores e mesmo de Lula para fechar o pacto até o final do ano.
Essa não é a primeira vez que Paris tenta "embarreirar" o acordo. Pelo contrário, historicamente, diferentes governos franceses têm criado dificuldades para abrir o mercado local às exportações brasileiras e do Mercosul no setor agrícola, relembra o jornalista.
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No texto, os deputados pedem ao governo de Emmanuel Macron que informem à Comissão Europeia a oposição da França à adoção do acordo UE-Mercosul, diante da ausência de critérios de sustentabilidade e rastreabilidade para os produtos mais sensíveis em termos de combate às mudanças climáticas e proteção da biodiversidade.
Esse é um dos principais argumentos dos franceses quando se diz respeito ao pacto, a questão ambiental. No entanto, é bastante ventilado que a preocupação ambiental camufla um protecionismo à produção agrícola francesa.
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Ainda sobre o meio ambiente, o texto dos parlamentares também sinaliza a oposição da França na ausência de uma cláusula que possa suspender o acordo caso o Acordo de Paris seja violado. Ao mesmo tempo, os deputados indicam que Paris se opõe à adoção de um acordo fatiado apenas para os temas comerciais.
Para os deputados, o acordo concluído em sua totalidade deve, portanto, ser submetido ao procedimento de ratificação, com uma votação unânime dos países, depois a uma votação no Parlamento Europeu e à ratificação por todos os Estados-Membros de acordo com o procedimento previsto em nível nacional, pela Assembleia Nacional e pelo Senado no caso da França, relata o colunista.
O deputado da Esquerda Democrática, Sébastien Jumel, se posicionou contra acordos de livre comércio.
"Hoje, a França importa metade do frango consumido, dois terços dos peixes e metade dos legumes. Hoje, ela não tem soberania alimentar", criticou acrescentando que "27% dos pesticidas usados no Brasil não proibidos na Europa".
Jumel ainda criticou Macron, alertando que o presidente francês muda de postura sobre o acordo dependendo da conveniência.
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