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UE tem sido muito protecionista e Lula vai agir para reavaliar acordo, diz MRE do Brasil à Sputnik

Segundo secretária-executiva da chancelaria brasileira, as novas exigências europeias estão criando "barreiras e impossibilidades" para que o acordo seja finalmente ratificado, e que Lula pretende, em conversa com líderes europeus, "assinalar um caminho para revisão do pacto".
Sputnik
Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou na Europa hoje (20) com agenda a ser cumprida na Itália e na França, em uma viagem que marca sua terceira visita ao território europeu desde o começo do governo.
Os compromissos do mandatário incluirão reuniões com o sociólogo italiano Domenico de Masi, com o Papa Francisco no Vaticano e encontros bilaterais com o presidente italiano, Sergio Mattarella, e com o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri.
Em seguida, Lula viajará à França na quinta-feira (22), onde, entre outros compromissos, fará um discurso em um festival na capital Paris e se encontrará com o presidente Emmanuel Macron, segundo o G1.
Ir a dois dos principais países da União Europeia neste momento denota à viagem um movimento importante, visto que o acordo de livre comércio entre o bloco europeu e o Mercosul está como prioridade na agenda de ambos os blocos para que finalmente saia do papel.
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Nos últimos dias, tem sido bastante ventilado as diferentes disposições das duas partes acerca de diferentes tópicos do pacto. Apesar de ter sido fechado em 2019, o texto não foi ratificado. Os europeus fizeram novas exigências que os países sul-americanos não enxergaram como sendo justas, uma vez que muitas são unilaterais.

Para secretária-executiva adjunta da Secretaria-Geral da Presidência da República, Tânia Maria de Oliveira, entrevistada pela Sputnik, Lula durante a viagem pode "estabelecer um diálogo que permita que o acordo entre UE-Mercosul não aconteça em detrimento dos interesses dos países sul-americanos".

"A União Europeia tem sido muito protecionista. O presidente Lula vai interceder para reavaliar o acordo", afirmou Oliveira.

A secretária-executiva também destacou que o documento com as novas demandas europeias é "extremamente duro e difícil, criando uma série de barreiras e impossibilidades e incluindo represarias e sanções aos países do Mercosul".

"As novas demandas da UE podem trazer inúmeros prejuízos, incluindo nos compromissos com o Acordo de Paris, por exemplo, o qual o Brasil deve respeitar e cumprir. [...] O acordo possui clausulas que aumentarão o desmatamento ao reduzir o imposto para a exportação de produtos agrícolas, que são os principais impulsionadores do desmatamento nos países do Mercosul", acrescentou.

Na visão da chancelaria brasileira, o encontro entre Lula e Macron "poderia assinalar o caminho para revisão do acordo".
Na visita à Brasília feita na semana passada, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que Europa e Brasil estavam começando "uma nova era", e se mostrou muito disposta à ratificação do acordo entre os blocos.
Entretanto, o governo brasileiro tem se movimentado com cautela sobre o assunto quando é notório que há desentendimentos entre os países. Enquanto Brasília gostaria de rever o trecho do acordo para restringir a possibilidade de abertura do país para compras governamentais, os europeus querem rediscutir questões ambientais.
O Itamaraty está trabalhando em uma resposta à União Europeia e o texto deve trazer a discordância brasileira com as novas exigências ambientais e a avaliação de que, se forem aplicadas sanções, elas devem valer para os dois lados, e não somente para os países sul-americanos.
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Ainda ontem (19), Lula afirmou que a UE "não pode ameaçar o Mercosul" para ratificar o acordo e que discutiria com Macron a questão da aprovação pelo parlamento francês do endurecimento do acordo, conforme noticiado.
"A União Europeia não pode ameaçar o Mercosul, somos parceiros estratégicos", afirmou o líder.
Lula também declinou o convite feito pelo bloco europeu para participar de uma cúpula entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e a União Europeia prevista para o mês que vem em Bruxelas.
A decisão do mandatário está fazendo com que lideranças europeias se articulem nos bastidores para tentar o convencer de ir, já que sua ausência diminuiria o prestígio da cúpula uma vez que o Brasil é o principal país latino-americano, e poderia inclusive incentivar outros líderes regionais a não viajar para Bruxelas, segundo o jornal O Globo.
A mídia também ressalta que, sobre o acordo, dentro do governo o ambiente para finalizá-lo ainda neste ano não está bom.
O Ministério da Gestão, o do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, o da Saúde e a Secretaria-executiva da Casa Civil tendem a se posicionar de maneira contrária ao acordo nos termos em que ele foi fechado há quatro anos.
Já os ministérios da Agricultura e Pecuária, do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e do Ministério do Planejamento e Orçamento são favoráveis.
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