Panorama internacional

Relatório: FBI ignorou 'quantidade maciça de informações' da inteligência sobre invasão do Capitólio

No dia 6 de janeiro de 2021, uma multidão, incluindo apoiadores de Donald Trump, invadiu o Capitólio dos Estados Unidos em Washington DC, em um esforço para impedir que o Congresso certificasse os votos do colégio eleitoral a favor do democrata Joe Biden, um motim que custou a vida de cinco pessoas.
Sputnik
O Departamento Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês) e o Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês) dos EUA subestimaram ou ignoraram "uma enorme quantidade de informações de inteligência" antes da violação do Capitólio do dia 6 de janeiro de 2021, afirmou um novo relatório.
O documento de 105 páginas intitulado Planned in Plain Sight (Planejado em Plena Vista), foi emitido pelos democratas no Comitê de Segurança Interna e Assuntos Governamentais do Senado.
O presidente do painel, Gary Peters, disse em um comunicado que, "apesar do grande volume de dicas e tráfego on-line sobre o potencial de violência — algumas das quais o FBI e o Escritório de Inteligência e Análise [do DHS] estavam cientes desde dezembro de 2020, essas agências falharam em soar o alarme e compartilhar informações críticas de inteligência que poderiam ter ajudado a aplicação da lei a se preparar melhor para os eventos de 6 de janeiro".
O relatório acusa o FBI e o DHS de não "avaliar completa e precisamente a gravidade da ameaça identificada pela inteligência e divulgar formalmente orientação a seus parceiros da autoridade policia com urgência e alarme suficientes para permitir que esses parceiros se preparassem para a violência que acabaria por acontecer".
O documento descreve as ações das agências federais de polícia como uma "falha de imaginação" alimentada por um "viés de descontar informações que indicavam um evento sem precedentes".
Panorama internacional
Conselheiro especial Durham enfrenta o Congresso sobre a investigação 'Russiagate' do FBI
"Em um nível fundamental, as agências falharam em cumprir sua missão e conectar as informações públicas e não públicas que receberam", diz o relatório, apontando para e-mails internos e documentos que "demonstram a amplitude e a gravidade das ameaças que essas agências receberam relacionadas a 6 de janeiro".
De acordo com o relatório, os analistas e líderes de inteligência "falharam em soar o alarme sobre 6 de janeiro em parte porque não podiam conceber que o edifício do Capitólio dos Estados Unidos fosse invadido por manifestantes".
"Isso reflete a luta da comunidade de inteligência para se adaptar à nova realidade de que a principal ameaça à segurança interna [identificada por essas mesmas agências] é agora o terrorismo doméstico impulsionado em grande parte por ideologias antigovernamentais", argumenta o documento.
O documento acrescentou que as ameaças relacionadas ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 "não foram feitas apenas em conversas privadas que exigiam táticas investigativas secretas dos departamentos de polícia para serem detectadas; pelo contrário, essas ameaças foram feitas abertamente, muitas vezes em postagens de mídia social publicamente disponíveis, e o FBI e I&A estavam cientes delas".
Em conclusão, o relatório destacou que "permanece o fato de que as agências federais encarregadas de prevenir o terrorismo doméstico e disseminar inteligência – ou seja, FBI e Gabinete de Inteligência e Análise [I&A, na sigla em inglês] – não soaram o alarme, e grande parte da violência que se seguiu em 6 de janeiro poderia ter sido evitada se eles tivessem feito isso".
Em declarações separadas em resposta ao documento, o DHS e o FBI insistiram que vêm trabalhando duro para melhorar seus sistemas desde o motim de 6 de janeiro no Capitólio.
Panorama internacional
FBI confirma documento que indica participação de Biden em esquema criminoso
Um porta-voz do DHS disse que eles "fortaleceram a análise de inteligência, o compartilhamento de informações e a preparação operacional para ajudar a prevenir atos de violência e manter nossas comunidades seguras". De acordo com o porta-voz, o departamento "emitiu mais de 130 produtos de inteligência relacionados ao extremismo violento doméstico para contextualizar o ambiente de ameaças em evolução que nosso país enfrenta" desde janeiro de 2021.
O FBI, por sua vez, disse em comunicado que a agência "trabalhou em estreita colaboração com nossos parceiros das autoridades policiais – incluindo a Polícia do Capitólio dos EUA – antes de 6 de janeiro e no fatídico dia para compartilhar informações em tempo real" e "estabelecer postos de comando e tinham recursos táticos prontos para serem implantados" quando solicitados.
No dia 6 de janeiro de 2021, uma multidão, incluindo dezenas de apoiadores de Donald Trump, invadiu o Capitólio dos Estados Unidos em uma tentativa de impedir o Congresso de certificar os resultados do que o 45º presidente chamou de "a eleição mais corrupta" da história norte-americana. Cinco pessoas morreram durante os distúrbios e dezenas ficaram feridas, incluindo pelo menos 138 policiais.
A investigação do Comitê de Seleção da Câmara sobre os eventos de 6 de janeiro de 2021 terminou no ano passado com uma denúncia criminal contra Trump e um relatório final alegando que o 45º presidente intencionalmente enganou e provocou a multidão como parte de um esforço para permanecer no poder depois de perder a eleição de 2020, alegações que o ex-presidente rejeitou veementemente.
Comentar