Citando dados da empresa Enagás, o El Confidencial destaca que em 2021 Espanha recebeu 8,9% do seu combustível da Rússia, mas em 2022 esse valor subiu para 12,1% do total, e continua a aumentar. Por exemplo, nos primeiros seis meses deste ano, o país europeu já recebeu quase tanto de Moscou quanto em todo o ano de 2021. Assim, a Rússia passou de quarto maior fornecedor da Espanha para o segundo, atrás dos EUA, que corresponde a 19% dos insumos.
De acordo com a mídia, a tendência já se apresentava como clara. Os dados elevados de chegada não confirmam que Madrid recebeu mais gás russo para consumo próprio, mas "para abastecer a Europa", que sofre de uma grave escassez de gás devido à diminuição dos volumes de combustível que chegam por gasodutos.
No entanto, essa solidariedade com o continente "é apenas uma desculpa" porque, ao avaliar o quanto a demanda doméstica depende do gás liquefeito siberiano, os especialistas constataram que a Espanha contou com o GNL russo mais do que outros Estados europeus no último inverno no Hemisfério Norte (18%), seguida pela França (15%) e Bélgica (10%).
"No cenário atual, isso equivale a afirmar que a Espanha é o Estado-membro que mais depende do gás russo, já que praticamente tudo o que entra nos 'vinte e sete' [UE] desde o fechamento do Nord Stream 1 [Corrente do Norte 1] o faz por meio de navios metano", detalhou a publicação.
Caso seja estabelecido um embargo à importação de combustíveis da Rússia, Madrid vai sofrer consequências mais graves do que outros países, segundo as previsões dos analistas. No entanto, a UE não implementaria tal medida porque entende que o GNL russo continua abastecendo a região em momentos críticos devido ao fechamento de gasodutos.
Além disso, especialistas de mercado sugeriram que a demanda por gás na Europa nos próximos meses vai estar no nível dos últimos anos. Embora caso o próximo inverno boreal fosse mais frio que o anterior, o continente já terá que buscar novas fontes de abastecimento de combustível, que ainda vão ser mais caras que as de Moscou.
Desde meados de 2022, os países europeus vivem uma crise energética devido às restrições aos recursos energéticos russos devido à operação militar especial na Ucrânia.
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que as sanções foram um duro golpe para toda a economia mundial e também apontou que o Ocidente pretende piorar a vida de milhões de pessoas. Em suas palavras, um ataque de sanções sem precedentes foi desencadeado contra Moscou, visando esmagar a economia russa no curto prazo, "derrubando a moeda nacional, o rublo, através do roubo de nossas reservas estrangeiras e causando uma inflação destrutiva". No entanto, ele enfatizou que o plano do Ocidente não teve sucesso.