No evento, além dos países-membros Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, também estavam presentes os chamados Estados associados ao bloco, entre os quais Colômbia, Bolívia e Chile. A Venezuela também compõe o Mercosul, mas o país está suspenso do bloco desde 2017, e o governo brasileiro tem defendido que o país volte a integrar o grupo.
Porém hoje (4), as nações que fazem parte do bloco como o Uruguai e o Paraguai cobraram uma posição clara do bloco em relação a Caracas.
"Todos aqui sabemos o que pensamos sobre o regime venezuelano, todos temos opinião clara. É preciso sermos objetivos. Está claro que a Venezuela não vai virar uma democracia saudável, e quando há um indício de possibilidade de uma eleição, uma candidata como María Corina Machado, que tem um enorme potencial, é desqualificada por motivos políticos, não jurídicos. [...] Alguém pode dizer: o que isso tem a ver com o Mercosul? Tem a ver porque os distintos blocos e associações do mundo alçaram sua voz a favor da democracia. [...]", disse o presidente uruguaio Luis Lacalle Pou na cerimônia segundo a Folha de São Paulo.
Antes de Lacalle Pou, o paraguaio Abdo Benítez – que está de saída da presidência e colocou seu sucessor, Santiago Peña, ao seu lado na reunião – discursou na mesma linha.
"Com muita preocupação estamos vendo os últimos eventos na Venezuela. Sempre busquei dar voz ao sofrido povo venezuelano e desta vez não será uma exceção. A coerência não pode ser deixada de lado no último minuto. Quando surge um caminho de saída, uma esperança, com a realização de eleições com a oposição, vimos rapidamente apagada essa ilusão com a inabilitação de María Corina Machado", afirmou.
Não é a primeira vez neste ano que o Uruguai se manifesta sobre Caracas de forma negativa. Na Cúpula do Sul, evento promovido pelo governo federal e o Itamaraty em Brasília no final de maio, Luis Lacalle Pou rejeitou a menção à Venezuela no rascunho do encontro de líderes sul-americanos.
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante sessão Plenária de Chefes e Chefas de Estado do Mercosul, Bolívia, Estados Associados e Convidados Especiais, Buenos Aires, 4 de junho de 2023
CC BY 2.0 / Palácio do Planalto / Ricardo Stuckert /
O presidente uruguaio se disse "surpreso" com a declaração que estava sendo negociada no momento quando foi citado que o ambiente político no país "é uma narrativa", conforme noticiado.
Já Lula rebateu criticando a tentativa de "isolamento" do país de Nicolás Maduro por parte do restante da América do Sul. Ele também pontuou não conhecer os pormenores da inabilitação de María Corina Machado, segundo o jornal O Globo.
"No que a gente puder contribuir, quem tiver relação, dar palpite e puder conversar, temos de conversar. O que não pode é a gente isolar e levar em conta que apenas os defeitos estão de um lado, os defeitos são múltiplos. Então precisamos conversar com todo mundo [...] sobre a Venezuela, não conheço pormenores dos problemas da candidata, mas vou conhecer", afirmou Lula.
O presidente também citou o caso da Nicarágua, país presidido por Daniel Ortega: "Assumi o compromisso com o papa Francisco de conversar com o presidente da Nicarágua e quem puder conversar, vamos conversar", emendou.
Ao mesmo tempo, Lula falou sobre o acordo com a União Europeia e também citou países com discussões já em andamento sobre acordos comerciais, além de novas frentes de negociação.
"Partindo dessas premissas, vamos revisar e avançar nos acordos em negociação com Canadá, Coreia do Sul e Cingapura. Vamos explorar novas frentes de negociação com parceiros como a China, a Indonésia, o Vietnã e com países da América Central e Caribe", afirmou.