Panorama internacional

Argentina e Brasil trabalham para salvar comércio no setor automobilístico: 'Adaptação não é fácil'

Buenos Aires vê suas exportações de carros e autopeças para o Brasil declinarem cada vez mais, mesmo com acordos firmados no âmbito do Mercado Comum do Sul. Governo argentino vem se dedicando para mudar o cenário e lançou 80 ações de promoção para impulsionar o setor em conjunto ao governo brasileiro.
Sputnik
Há 32 anos, quando o acordo do Mercosul foi assinado, uma das metas do pacto era salvar a indústria automobilística da Argentina e do Brasil por meio da relação comercial, uma vez que ocorre intercâmbio de veículos isentos de tarifas e impostos independentemente da sua origem entre os países-membros do bloco.
No entanto, ao longo dos anos, o intercâmbio entre Buenos Aires e Brasília perdeu peso, e com a nova medida anunciada pelo governo brasileiro, essa distância possivelmente aumentou. O governo federal anunciou no dia 25 de maio a redução nos impostos para deixar os carros zero quilômetro de até R$ 120 mil mais baratos no Brasil.
A notícia trouxe "respiro" aos brasileiros, mas não foi tão bem recebida pelo país vizinho, já que o incentivo aos carros populares brasileiros, feitos com peças nacionais, pode enfraquecer ainda mais a troca comercial.
Ao conceder impostos menores a carros com mais peças brasileiras, o carro popular nacional afetará a indústria argentina de autopeças, que já foi atingida por dificuldades de acesso a insumos e fechamento de várias fábricas nos últimos anos, analisa o portal automobilístico Vrum.
Diante deste cenário, o governo argentino e empresários metalúrgicos se uniram para promover o setor no Brasil. O Itamaraty redobrou os esforços para aumentar as exportações do setor metalúrgico ao mercado brasileiro.
O próprio chanceler argentino, Santiago Cafiero, visitou o Brasil com representantes da Associação Argentina das Indústrias Metalúrgicas (ADIMRA) para se reunir com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). A missão, divulgou Buenos Aires, é o pontapé inicial de uma série de cerca de 80 ações de promoção do setor no exterior.
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A iniciativa está alinhada com o objetivo de substituir as importações que os demais países do Mercosul encontram em outros mercados, tornando o Brasil o parceiro mais desejado nessa área.
Em entrevista à Sputnik, a coordenadora de Economia e Comércio da ADIMRA, Victoria Vidal, explicou que o Brasil "é o principal destino das exportações do setor metalúrgico argentino" e representa 30% das vendas externas feitas pela Argentina.
Vidal também explicou que os principais produtos exportados para o mercado brasileiro "são autopeças e outros produtos de metal, motores a turbina e máquinas para uso geral", entretanto, a coordenadora destaca que alguns produtos do setor foram perdendo presença em território brasileiro.
"Alguns produtos básicos da indústria de ferro e aço, engrenagens e peças de transmissão, aparelhos de fiação, tiveram grande participação entre 2008 e 2011, mas o volume exportado foi reduzido, por isso a associação busca recuperar esses mercados", afirmou.
Para atingir esse objetivo, a ADIMRA confia que o governo argentino poderá ajudar o setor a superar algumas exigências técnicas que o Brasil requisita para poder comercializar. "Essas medidas geram, muitas vezes para o exportador argentino, custo adicional na certificação, na adaptação do seu produto e nem sempre é fácil", explicou.
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Enquanto em 2022 as exportações totais do setor metalúrgico na Argentina atingiram US$ 5,169 bilhões (R$ 25,165 bilhões), as exportações apenas para o mercado brasileiro foram avaliadas em US$ 1,396 bilhão (R$ 6,798 bilhões), afirmou a coordenadora.
"Para a Argentina, quando se trata de ter uma estratégia de maior fomento às exportações, é fundamental estreitar os laços, tanto institucionais quanto comerciais", disse Vidal em relação à campanha realizada pelo governo.
Contudo, o setor também apresenta vantagens. As exportações de bens industriais têm um elevado impacto no emprego, o que representa um maior valor acrescentado, disse a coordenadora.
"É importante ter uma política de médio e longo prazo do setor público, acompanhada do setor privado para exportações de valor agregado e com impacto na mão de obra local", concluiu.
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O programa para desconto em carros populares no Brasil durou um mês e chegou ao fim nesta sexta-feira (7). O sucesso foi tanto que foram vendidos entre 150.000 e 166.500 automóveis dentro do programa nesse período, segundo a revista Quatro Rodas, evidenciando que o brasileiro quer comprar carros, apenas precisa que os preços baixem.
Cabe a Brasília e Buenos Aires realmente se empenharem para promover o reaquecimento no intercâmbio de automóveis e peças entre os países amigos, pois público para oferta, tem.
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