Uma grande formação de granito descoberta abaixo da superfície lunar provavelmente foi formada a partir do resfriamento de lava derretida que alimentou um vulcão ou vulcões que entraram em erupção na Lua há cerca de 3,5 bilhões de anos, determinou um estudo publicado na revista Nature.
Uma equipe de cientistas da Universidade Metodista do Sul (SMU, na sigla em inglês), Texas, EUA, utilizou dados de frequência de micro-ondas para medir o calor abaixo da superfície da chamada Compton-Belkovich, uma característica vulcânica suspeita na Lua.
Os dados para o estudo, parcialmente financiado pela agência espacial norte-americana NASA, foram recolhidos de dados públicos divulgados por duas sondas lunares chinesas, a Chang'E-1 em 2010 e a Chang'E-2 em 2012, que carregam instrumentos de radiômetro de micro-ondas de quatro canais.
A equipe usou os dados para determinar que o calor gerado abaixo da superfície é proveniente de uma concentração de elementos radioativos que só podem existir na Lua como granito. Os granitos são os remanescentes de rochas ígneas dos sistemas de encanamento abaixo de vulcões extintos. A formação de granito deixada quando a lava esfria sem entrar em erupção é conhecida como batólito.
"Qualquer grande corpo de granito que encontramos na Terra costumava alimentar um grande grupo de vulcões, assim como um grande sistema está alimentando os vulcões Cascade no noroeste do Pacífico atualmente", comentou Matthew Siegler, professor pesquisador da SMU, do Instituto de Ciência Planetária em Arizona, EUA, e autor principal da pesquisa, citado na quarta-feira (5) pelo portal ScienceDaily.
O batólito lunar está localizado no lado escuro da Lua, em uma região previamente identificada como um complexo vulcânico, mas os pesquisadores estão surpresos com seu tamanho, que tem um diâmetro estimado de 50 quilômetros. Sua formação na Terra é geralmente impulsionada pela água e pela tectônica de placas, que ajudam a criar grandes corpos derretidos abaixo da superfície do nosso planeta. No entanto, os granitos são extremamente raros na Lua, e tais processos não acontecem lá.
Encontrar esse corpo de granito, que data dos primórdios de existência do satélite natural da Terra, ajuda assim a explicar como a crosta lunar inicial se formou, sublinha o ScienceDaily.
Siegler apresentará a pesquisa da equipe na Conferência Goldschmidt, programada para domingo (9) a sexta-feira (14) em Lyon, França.