Os militares ucranianos não têm tanques, veículos blindados auxiliares ou munição suficientes para atingir as posições russas fortemente entrincheiradas, tendo retirado seus alardeados Leopard 2 da linha de frente e buscado aumentar a produção doméstica de tanques — um processo que deve levar até seis meses, informou a mídia norte-americana, citando altos funcionários ucranianos e comandantes da linha de frente.
"É impossível destruir completamente uma posição tão bem preparada antes de avançar", disse à mídia um comandante de unidade da 108ª Brigada da Ucrânia sobre as trincheiras russas, destacando que as forças ucranianas estão sofrendo com a escassez de veículos blindados, com a infantaria forçada a avançar a pé, o que a torna vulnerável a manobras de flanco.
"Se tivéssemos mais veículos, poderíamos ter trazido mais infantaria para os flancos", disse o comandante, admitindo que, um mês após o início da contraofensiva, ainda não havia participado de uma operação que capturou e manteve com sucesso uma posição russa defendida.
Em vez disso, as forças ucranianas até agora só conseguiram capturar um punhado de povoados nas regiões de Zaporozhie e na República Popular de Donetsk (RPD), ao custo de milhares de mortos e centenas de tanques e veículos blindados destruídos. Na semana passada, os militares russos relataram que em um mês de batalha, a Ucrânia perdeu 920 veículos blindados, incluindo 16 tanques Leopard, e 18 aeronaves.
Outro grande problema é a falta de artilharia e superioridade aérea, com o pequeno arsenal de caças e helicópteros da era soviética de Kiev enfrentando uma força superior de caças russos Sukhoi e Ka-52 Alligator.
Onde estão os Leopard 2?
Kiev tem mostrado relutância em usar seus tanques Leopard 2 fornecidos pela OTAN, com os gigantes de 68 toneladas aparentemente ficando presos em campos minados na primeira fase da ofensiva no início de junho. Os Leopard 2 não são vistos no campo de batalha desde então. Analistas militares ocidentais sugerem que Kiev pode os estar guardando para usar em um avanço posterior, em meio à busca de pontos fracos nas posições russas, mas a tarefa é significativamente complicada pelos campos abertos e planos da região, que oferecem pouca proteção ou lugares para se esconder.
Soldados ofereceram avaliações francas das horríveis perdas das forças ucranianas, com soldados da frente sul, "presumivelmente em Zaporozhie, dizendo que poderiam ter perdido dezenas de homens" em um único ataque. "Tivemos que evacuar a equipe de evacuação", disse um profissional médico de combate de 19 anos, ao lembrar de um caso em que um morteiro atingiu seu veículo durante uma evacuação de feridos.
De acordo com os relatos, os helicópteros russos voam a menos de 8 km das posições ucranianas, o que normalmente os torna vulneráveis às defesas aéreas ucranianas. Mas a infantaria ucraniana que as aeronaves russas continuam a ser uma ameaça.
"Não temos sistemas de defesa aérea adequados para lidar com a ameaça", disse um comandante de pelotão da 108ª Brigada sobre a superioridade aérea russa. "Quando somos avisados de que um avião inimigo decolou, a única maneira de lidar com isso é nos protegermos", disse ele.
Planos para aumentar a produção de tanques domésticos
Em meio à escassez de blindados, Kiev anunciou planos para aumentar a produção de tanques e outros veículos blindados. No entanto, o chefe da indústria de defesa ucraniana, Oleksandr Kamyshin, disse à mídia dos EUA que isso levaria de três a seis meses para ser concluído.
A escassez de armas para a contraofensiva levanta questões sobre para onde foi a generosa assistência bélica do Ocidente, agora estimada em mais de US$ 94 bilhões (cerca de R$ 456,5 bilhões, o equivalente a quase metade de todo o orçamento anual de defesa da Rússia), e parece confirmar relatos sobre corrupção e furtos desenfreados, e o contrabando de armas destinadas à Ucrânia para a Europa, África e Oriente Médio.
Também questiona por que Kiev gastou sua artilharia fornecida pela OTAN, foguetes Himars e mísseis de cruzeiro Storm Shadow para bombardear cidades e infraestrutura civil em Donbass, em vez de guardá-los para usar em sua contraofensiva, agora paralisada.