A Alemanha enviará pela primeira vez tropas para a Austrália para exercícios conjuntos, relata na segunda-feira (10) a agência britânica Reuters.
"É uma região de extrema importância para nós na Alemanha, bem como para a União Europeia, devido às interdependências econômicas", disse na segunda-feira (10) Alfons Mais, chefe do Exército alemão, em uma entrevista à agência, horas antes da partida das primeiras tropas alemãs para a Austrália.
Mais disse que até 240 soldados alemães, entre eles 170 paraquedistas e 40 fuzileiros navais, participarão do exercício Talisman Sabre de 22 de julho a 4 de agosto, os maiores exercícios entre a Austrália e os EUA, realizados a cada dois anos. Eles contarão com cerca de 30.000 militares de 12 outros países, entre os quais a Coreia do Sul, França, Indonésia, Japão e Reino Unido.
Os alemães treinarão a guerra na selva e operações de desembarque. Questionado sobre a mensagem que o primeiro envio de tropas alemãs para a Austrália pretendia enviar à China, ele afirmou que Berlim não pretendia antagonizar ninguém.
"Nosso objetivo é demonstrar que somos parceiros confiáveis e capazes de contribuir para a estabilização da ordem baseada em regras na região", disse Mais.
"A Guerra Fria foi fácil, era um mundo bipolar. Hoje, não podemos mais nos concentrar apenas na Europa [...] Temos que nos posicionar de forma muito mais ampla", segundo o chefe do Exército.
Mais revelou que deverá visitar as tropas alemãs na Austrália e uma fábrica da empresa alemã de armamentos Rheinmetall que monta veículos de transporte blindados Boxer para os exércitos dos dois países em meados de julho, antes de viajar para o Japão e Cingapura. O oficial acrescentou que as tropas alemãs já têm ordens para regressar à Austrália para a próxima edição das manobras militares, em 2025.
Em 2021, um navio de guerra alemão navegou para o mar do Sul da China pela primeira vez em quase 20 anos. Em 2022, Berlim enviou 13 aviões militares para exercícios conjuntos na Austrália, o maior destacamento em tempo de paz da Força Aérea da Alemanha.
Pequim é o parceiro comercial mais importante de Berlim, e 40% do comércio exterior da Europa passa pelo mar do Sul da China, uma hidrovia que tem sido um ponto focal para disputas territoriais no Indo-Pacífico.