A demanda por eletricidade na União Europeia (UE) vai cair 3% este ano, para o nível mais baixo em duas décadas, previu a Agência Internacional de Energia (AIE) em um relatório na quinta-feira (20). A agência apontou o declínio da produção industrial da UE como o principal fator por trás da crise.
Combinada com a queda de 3% na demanda do ano passado, a queda é agora a maior da história da UE, trazendo o consumo de eletricidade do bloco de volta a níveis não vistos desde 2002, afirmou o relatório.
Dois terços da redução vieram de indústrias com uso intensivo de energia no ano passado e "essa tendência continuou até 2023", explicou o relatório.
As indústrias europeias foram duramente atingidas pela decisão da UE de embargar os combustíveis fósseis russos em resposta à operação militar especial de Moscou na Ucrânia. Combinado com o aumento da demanda após a pandemia de COVID-19 em 2020, o embargo de energia elevou os preços da eletricidade no atacado para um recorde de € 430 (cerca de R$ 2.286,51) por megawatt-hora em agosto de 2022, um aumento de mais que o dobro desde janeiro do mesmo ano.
Embora os preços tenham se estabilizado desde então, o setor industrial da UE não se recuperou. A produção industrial em todo o bloco caiu 1,3% entre fevereiro de 2022 e março de 2023, de acordo com os últimos dados da agência de estatísticas da UE. O declínio foi mais pronunciado na Alemanha, um país que antes do ano passado dependia fortemente da energia russa para abastecer seu imenso setor industrial.
Alguns dos maiores fabricantes da Alemanha – como a gigante química BASF e a montadora Volkswagen – reduziram a produção em casa e anunciaram a construção de novas fábricas no exterior, enquanto uma queda inesperada na produção industrial do país em maio provocou temores de uma recessão prolongada.
A desindustrialização da Europa está sendo alimentada no exterior, observou o relatório, apontando que subsídios como a Lei de Redução da Inflação dos EUA e a Lei de Transformação Verde do Japão "estão influenciando a redução da produção, o fechamento de fábricas e a pausa e desvio de investimentos".
Fora da UE, a demanda por eletricidade deve cair quase 2% este ano nos EUA e 3% no Japão, segundo prevê o relatório da AIE. No entanto, enquanto as economias mais desenvolvidas do mundo lutam, o aumento do consumo na China e na Índia deve ver a demanda global por eletricidade aumentar em pouco menos de 2% este ano.