O aumento nos saques bancários de clientes norte-americanos viu US$ 78 bilhões (cerca de R$ 372,8 bilhões) serem retirados de contas bancárias entre os dias 5 e 12 de julho, de acordo com os dados mais recentes do sistema de Dados Econômicos da Reserva Federal (Fred, na sigla em inglês).
Nas mesmas circunstâncias, o Silicon Valley Bank (SVB) e o Signature Bank foram atingidos em março por uma enorme fuga de caixa. Além disso, o First Republic Bank teve que solicitar dezenas de bilhões de dólares de outros bancos para se manter à tona.
As enormes fugas de capital ocorreram após duas semanas de relativa estabilidade, com os principais bancos alocando quantias substanciais a terceiros para trazer novos depósitos.
Colapso do SVB
No dia 1º de março, o valor do SVB estava próximo de US$ 17 bilhões (cerca de R$ 81,2 bilhões), detendo cerca de US$ 200 bilhões (aproximadamente R$ 956 bilhões) em depósitos de clientes. Sua clientela, composta principalmente por empresas de capital de risco e pelas empresas nas quais eles investiram, deu ao banco uma posição sólida em um mercado lucrativo. A decisão do banco de vender seus títulos depreciados do Tesouro gerou pânico, resultando na retirada abrupta de US$ 40 bilhões (quase R$ 191,2 bilhões), causando uma forte queda nas ações do SVB. Isso levou os reguladores a intervir e assumir o controle.
Em 2008, o sistema financeiro global enfrentou uma crise igualmente desastrosa desencadeada por uma queda no mercado imobiliário dos Estados Unidos. Desta vez, o aumento da taxa de juros do Fed colocou o sistema financeiro dos EUA em grave perigo novamente.
"Com o Fed realizando o aperto monetário mais agressivo nos últimos 40 anos, parecia uma questão de tempo até que algo quebrasse", de acordo com analistas da Macquarie Securities.
Consequências da fuga de capitais
A concorrência de contas do mercado monetário de alto rendimento está pressionando os bancos a intensificar seu jogo.
O CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, alertou recentemente os acionistas sobre a importância de atender às demandas de taxas mais altas no setor bancário e evitar mais perdas de depósitos.
"Há muito pouco poder de precificação na maioria dos nossos negócios e os betas [medida de risco no mercado financeiro] vão subir", disse ele.
O Fed informou que US$ 742 bilhões (cerca de R$ 3,5 trilhões) em depósitos foram retirados do sistema bancário em 2022, deixando os bancos dos EUA com uma soma total de US$ 17,28 trilhões (aproximadamente R$ 86,6 trilhões) em depósitos.