Panorama internacional

Burocracia dos países europeus impediu sucessos na investida ucraniana, segundo analista britânico

A muito esperada contraofensiva ucraniana contra a Rússia foi impedida pelos atrasos nas entregas e burocracia do Ocidente, afirmou um especialista militar britânico na coluna do The Guardian neste domingo (23).
Sputnik
Na opinião de Jack Watling, um pesquisador sênior em guerra terrestre no think tank Instituto Real de Serviços Unidos, "uma abordagem democrática [usada] em tempos de paz" nas questões de assistência militar e financeira à Ucrânia "põe em perigo a segurança europeia".
Conforme o autor do artigo, Kiev comunicou de forma clara às capitais ocidentais sobre o que precisa para obter sucessos no campo de batalha, solicitando artilharia, capacidade de engenharia, meios de mobilidade protegidos, sistemas de defesa antiaérea e treinamento de pessoal. Porém, embora Kiev tenha recebido artilharia e meios de mobilidade protegida suficientes, teve muito mais dificuldade em obter outros itens da lista, aponta Watling.
Em particular, os países ocidentais não aprovaram as entregas de tanques e veículos de combate de infantaria à Ucrânia até janeiro de 2023, dificultando a situação para as forças ucranianas:
"Meses de atrasos deram às forças russas tempo para construir suas defesas, complicando significativamente a tarefa para os ucranianos".
Outro problema foi que grande parte do treinamento fornecido a Kiev foi "mal concebido", nas palavras do especialista. Durante a realização de exercícios nos países ocidentais, as unidades de Kiev eram incapazes de "treinar enquanto lutam", porque não podiam utilizar seus drones devido a restrições legais e usar seu próprio software que não é certificado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
"Embora [a Europa] não esteja realmente a travar uma guerra, o futuro da segurança europeia depende do resultado da luta da Ucrânia. Mesmo assim, as capitais ocidentais continuam sendo lentas e focadas nos processos, aplicando abordagens de tempos de paz", critica o analista, exigindo "decisões atempadas".
As forças ucranianas começaram sua contraofensiva em larga escala contra a Rússia nos primeiros dias de junho, mas, de acordo com o Ministério da Defesa russo, todos os seus ataques foram repelidos.
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