Na opinião de Jack Watling, um pesquisador sênior em guerra terrestre no think tank Instituto Real de Serviços Unidos, "uma abordagem democrática [usada] em tempos de paz" nas questões de assistência militar e financeira à Ucrânia "põe em perigo a segurança europeia".
Conforme o autor do artigo, Kiev comunicou de forma clara às capitais ocidentais sobre o que precisa para obter sucessos no campo de batalha, solicitando artilharia, capacidade de engenharia, meios de mobilidade protegidos, sistemas de defesa antiaérea e treinamento de pessoal. Porém, embora Kiev tenha recebido artilharia e meios de mobilidade protegida suficientes, teve muito mais dificuldade em obter outros itens da lista, aponta Watling.
Em particular, os países ocidentais não aprovaram as entregas de tanques e veículos de combate de infantaria à Ucrânia até janeiro de 2023, dificultando a situação para as forças ucranianas:
"Meses de atrasos deram às forças russas tempo para construir suas defesas, complicando significativamente a tarefa para os ucranianos".
Outro problema foi que grande parte do treinamento fornecido a Kiev foi "mal concebido", nas palavras do especialista. Durante a realização de exercícios nos países ocidentais, as unidades de Kiev eram incapazes de "treinar enquanto lutam", porque não podiam utilizar seus drones devido a restrições legais e usar seu próprio software que não é certificado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
"Embora [a Europa] não esteja realmente a travar uma guerra, o futuro da segurança europeia depende do resultado da luta da Ucrânia. Mesmo assim, as capitais ocidentais continuam sendo lentas e focadas nos processos, aplicando abordagens de tempos de paz", critica o analista, exigindo "decisões atempadas".
As forças ucranianas começaram sua contraofensiva em larga escala contra a Rússia nos primeiros dias de junho, mas, de acordo com o Ministério da Defesa russo, todos os seus ataques foram repelidos.