O Exército de Libertação Popular (ELP) chinês está expandindo a implantação de sistemas de mísseis modernos perto de Taiwan, incluindo o míssil balístico de médio alcance DF-17, informou o South China Morning Post (SCMP) no domingo (23), citando especialistas militares.
O ELP está modernizando rapidamente seus mísseis balísticos de curto alcance, capazes de atingir alvos a até 1.000 quilômetros de distância, substituindo-os por sistemas DF-17, de acordo com um relatório de Decker Eveleth, pesquisador do Instituto Middlebury de Estudos Internacionais, com base em imagens de satélite disponíveis ao público.
Segundo estimativas da inteligência dos EUA, os mísseis DF-17 têm um alcance entre 1.800 e 2.500 quilômetros. Por outro lado, estes não são mísseis balísticos clássicos, já que o DF-17 pode ser montado em um veículo deslizante hipersônico (HGV, na sigla em inglês).
Este dispositivo pode transportar mísseis DF-17 e dar-lhes cinco vezes a velocidade do som. A capacidade do DF-17 de planar na atmosfera graças ao HGV torna mais difícil para os radares de defesa aérea detectar esses mísseis do que os projéteis balísticos convencionais que seguem uma trajetória fixa que os eleva acima da atmosfera.
"Ao implantar o DF-17 na Base 61 [Forças de Mísseis], o ELP pretende adquirir a capacidade de atacar bases e frotas militares estrangeiras no Pacífico Ocidental", disse o especialista da empresa de inteligência de defesa Janes Asia-Pacific, Kapil Kajal. O analista destaca que o desempenho do DF-17 o torna um alvo muito difícil de se neutralizar para os sistemas de defesa aérea dos EUA, como o THAAD, SM-3 e o Patriot.
Paralelamente, Kajal aponta que a China ainda possui cerca de 1.000 mísseis balísticos de curto alcance implantados ao redor da ilha de Taiwan. Neste contexto, ele explica que tanto estes projéteis como os mísseis de médio alcance colocados no sul e sudoeste da China devem poder ser utilizados em uma primeira vaga de ataques caso ecloda um conflito sobre a ilha, considerada por Pequim parte inalienável do seu território.
Eveleth concorda com Kajal em relação ao eventual uso dos DF-17 nos estágios iniciais de um possível conflito em torno de Taiwan para atacar os sistemas de defesa antiaérea na ilha e seus aliados. "Mas o problema é que muitos dos sistemas dos EUA estão fora do alcance do DF-17", diz o analista, de modo que esses mísseis não poderiam atingir a base naval dos EUA em Guam ou outras instalações de Washington no Pacífico.
No entanto, os mísseis antinavio e antiterrestre DF-26, com alcance de pelo menos 3.000 quilômetros, poderiam atingir os alvos em questão.
De acordo com Eveleth, um total de sete brigadas implantou mísseis DF-26 na província de Anhui, na região autônoma Uigur de Xinjiang e em outros lugares. Da mesma forma, estão sendo construídas instalações para abrigar outra brigada DF-26 na província de Liaoning, no nordeste do país.
O South China Morning Post sugere que destruir os locais de preparação do DF-26 seria um problema para as forças dos EUA. Esses mísseis também são implantados perto de arsenais nucleares chineses e podem carregar ogivas convencionais e nucleares. "Qualquer tentativa dos EUA de neutralizar as forças DF-26 corre o risco de atacar ativos nucleares", disse Eveleth.