Quando um desses jatos aponta diretamente para a Terra, os cientistas chamam blazar ao sistema que contém o buraco negro. Assim, nesta semana, uma equipe internacional de astrofísicos publicou novas descobertas utilizando o satélite Explorador de Polarimetria de Imagens de Raios X (IXPE, na sigla em inglês) da NASA sobre um blazar chamado Markarian 421.
Este blazar, localizado na constelação de Ursa Maior a cerca de 400 milhões de anos-luz da Terra, surpreendeu os cientistas com evidências de que na parte do jato onde as partículas estão sendo aceleradas o campo magnético tem uma estrutura helicoidal.
"Markarian 421 é um velho amigo dos astrônomos de alta energia", disse a astrofísica da Agência Espacial Italiana Laura Di Gesu, autora principal do novo estudo.
A polarização do jato lançado por Markarian 421 revelou uma surpresa para os astrônomos, mostrando que a parte do jato onde as partículas estão sendo aceleradas também abriga um campo magnético com uma estrutura helicoidal.
Os jatos de blazar podem se estender pelo espaço por milhões de anos-luz, mas os mecanismos que os lançam ainda não são bem compreendidos. No entanto, estas novas descobertas em torno do jato de Markarian 421 poderiam lançar alguma luz sobre este fenômeno cósmico extremo.
IXPE mergulha mais fundo na estrutura torcida dos jatos blazar
A principal razão pela qual os jatos de alimentação de buracos negros supermassivos são tão brilhantes é que as partículas que se aproximam da velocidade da luz emitem enormes quantidades de energia e se comportam de acordo com a física da teoria da relatividade especial de Einstein.
O jato é alimentado por um disco de acreção, mostrado na parte inferior da imagem, que orbita e cai no buraco negro ao longo do tempo. Campos magnéticos helicoidais são roscados através do jato
© Foto / NASA/Pablo Garcia
Os jatos blazar também recebem um impulso extra para esse brilho, porque sua orientação para nós faz com que os comprimentos de onda de luz associados aos seus jatos "se acumulem", aumentando suas frequências e energias.
Como resultado desses dois efeitos, os blazares podem muitas vezes ofuscar a luz combinada de cada estrela nas galáxias que os abrigam. E agora o IXPE usou essa luz para pintar um quadro da física acontecendo no coração do jato de Markarian 421 e até identificar o ponto de origem do feixe brilhante.
Anteriormente, modelos de jatos de blazar haviam sugerido que eles são acompanhados por campos magnéticos helicoidais, quase como o DNA em células vivas, exceto de cadeia simples em vez de dupla. O que não foi previsto, no entanto, foi o fato de que a hélice magnética hospedaria áreas onde as partículas estão sendo aceleradas.