No encontro, uma das principais pautas foi a hidrelétrica de Itaipu e a discussão sobre a renovação do chamado anexo C do acordo ente Brasil e Paraguai, que trata das balizas financeiras da parceria entre os dois países, segundo a Folha de São Paulo.
"Já sabemos o que aconteceu nos últimos 50 anos e, depois de assinado o acordo, a Itaipu foi construída, operada e a dívida foi paga e hoje temos o desafio de pensar de maneira ambiciosa juntos para os próximos 50 anos", afirmou Peña.
O mandatário paraguaio também acrescentou que "acha" ser possível fechar um contrato que estabeleça que o Brasil seguirá pagando o preço de custo pelo excedente da energia.
"O Paraguai não está buscando política rentista, está buscando uma política desenvolvimentista. O Paraguai quer desenvolver seu país, tem muita gente jovem que quer trabalhar, então hoje estamos buscando política econômica que vai gerar emprego", afirmou o presidente paraguaio.
Construída na virada da década de 1970 para 1980, na época, Brasília e Assunção firmaram um contrato de 50 anos.
Presidente Lula, Santiago Peña e assessores no Palácio do Planalto em Brasília em 28 de julho de 2023
© Foto / Palácio do Planalto / Ricardo Stuckert / CC BY 2.0
Relações com China e Taiwan
O Paraguai é o único país na América do Sul entre as 13 nações que reconhecem a ilha de Taiwan. Ainda segundo a Folha, Peña disse que não pretende mudar esse status e não vê essa escolha como um problema.
"Vamos continuar com Taiwan, mas nossos laços comerciais com a China continental são amplos e profundos, e acredito que continuarão crescendo nos próximos anos", afirmou.
Pequim é o maior comprador de soja paraguaia e "o maior provedor de bens" para o país, porém, Peña diz priorizar as trocas com a ilha, que seriam melhores para agregar valor à sua economia.
"Taiwan também tem uma relação comercial com a China continental", declarou.
Mercosul-UE e Venezuela
Sobre a arrastada ratificação do acordo entre a União Europeia e o Mercosul, o presidente paraguaio fez coro ao homólogo brasileiro ao falar sobre as novas exigências ambientais feitas pelos europeus para fechar o acordo: "Não é apenas a posição de Lula, acredito que é a posição de todos os países. Claramente, também é minha posição".
"Acredito que os países do Mercosul estão fazendo muito contra a mudança climática, muito mais do que outros países de outras regiões do mundo, e hoje claramente decidiram avançar e progredir sendo um modelo sustentável. [...] 100% da energia do Paraguai é energia hidroelétrica, então mal poderíamos ser mencionados hoje como países que não estão colaborando contra a mudança climática", disse.
Em relação à Venezuela, Peña afirmou que pretende retomar as relações com o governo de Caracas.